Jornal Estado de Minas

CONFUSÃO NAS REDES

Grupo Campari repudia falas de Thiago Schutz, o 'Calvo da Campari'

O grupo Campari emitiu uma nota, nesta segunda-feira (27/2), de repúdio ao coach Thiago Schutz, que ficou conhecido com apelido que leva o nome da bebida vermelha. Ele ameaçou a atriz Lívia La Gatto, em mensagem, por um vídeo em que ela o satiriza. 


No texto, ele disse que a artista deveria apagar o conteúdo ou “caso contrário ela deverá sofrer um processo ou levar um tiro”. O vídeo em questão era uma paródia de um trecho de um podcast em que Schutz participou e disse que não deixaria de beber Campari se mulheres o oferecessem cerveja.





Após repercussão nas redes sociais, ele ganhou o apelido de  “Calvo do Campari” e “Coach do Campari”. 
Na nota, a empresa disse que “não tem, e nem nunca teve, nenhum tipo de relação, vínculo ou contato com Thiago Schutz" e "se solidariza com todas as mulheres que foram envolvidas nesse caso de misoginia e ameaças, e rechaça veementemente toda atitude preconceituosa e violenta manifestada por este influenciador."

Entenda o caso: 

Recentemente, um trecho de um podcast que Schutz participou viralizou. Nele, o coach conta sobre uma situação em que saiu com uma mulher e, enquanto bebia Campari, ela insistiu para que dividisse uma cerveja com ela. Revoltado, ele afirma que ela estava testando seus limites como homem e que não se renderia às suas vontades. No vídeo de La Gatto, ela zomba dos trejeitos do coach ao falar sobre mulheres.

No Instagram, a atriz postou um print da conversa com Schutz em que ele ameaça sua integridade física e pede para que ela retire o conteúdo do ar em 24 horas. Como opções para a ameaça, ele afirma que, caso o pedido não surtisse efeito, ela responderia por um processo ou levaria tiros. “Você tem 24 horas para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso, processo ou bala. Você escolhe”, escreveu ele na mensagem.



Ela não respondeu ao coach e ainda ironizou: “‘Tchurma', o Guerreiro campa me ameaçou. Devo me preocupar?”. Após a publicação, ela bloqueou Schutz no Instagram e registrou um boletim de ocorrência.

Após a viralização do trecho do podcast em que ele critica a mulher por ter insistido para ele dividir uma cerveja com ele enquanto este tomava Campari – caso que o levou a ser chamado de “Calvo do Campari” ou “Coach do Campari” –, Thiago postou um outro vídeo em que tenta se explicar pelas falas, consideradas misóginas pelo público nas redes sociais. Nele, o coach tenta criar uma situação em que os papéis fossem invertidos e fosse ele a tentar “empurrar” um gim para uma mulher.

“Aí eu estaria sendo um put* de um assediador, ou seja, nas duas situações o homem é um c*zão. Essa manobra do feminismo foi o seguinte: o pessoal fala em reparação histórica, a mulherada sofreu para caralh*, eu entendo isso, só que, agora, o elástico esticou para o outro lado, entendeu?”, comentou ele.





Ainda na última semana, internautas descobriram que Thiago participou de um reality show de relacionamento na Netflix, “O Crush Perfeito”, lançado ainda em 2020. No programa, seis pessoas têm encontros às cegas, e Schutz, que usa o sobrenome Schoba, tem um encontro com uma mulher bem mais velha que ele, que o encanta, mas não o corresponde.

Nas redes sociais, surgiram diversos comentários relacionando a decepção amorosa do coach ao conteúdo que ele produz atualmente. “Já descobrimos o motivo de tanta raiva das mulheres”, escreveu uma usuária do Twitter.

Na mesma época do lançamento do reality, Schutz também foi acusado de “roubar” um livro escrito por uma jovem. “Quando eu tinha 15 anos, fui roubada por esse cara, que é dono dessa editora . Ele publicou meu livro e, além de não me mandar o lucro, não enviou a obra para as pessoas que compraram. Agora, ele está numa série da Netflix”, escreveu ela nas redes sociais.





Dentre as imagens que postou como prova, a jovem mostrou um contrato assinado por ela e Thiago, constando dados da obra roubada. Ela também acusou a editora de ser falsa, afirmando que Schutz usaria a empresa para fraudar os escritores, e foi apoiada por diversos usuários do Twitter, alguns dizendo, inclusive, ter passado pela mesma experiência com a Nova Editorial. “Ele foi meu editor. Sumiu. Nunca prestou conta de nada. Tenho vários amigos nesta mesma situação”, comentou uma seguidora da jovem.

Thiago fechou seus perfis em redes sociais após o caso, voltando a circular recentemente com outro sobrenome.

O que é “red pill”?

O conteúdo produzido por Schutz é chamado de “red pill”, em referência ao filme “Matrix” (1999). Em analogia às pílulas recebidas pelo protagonista Neo (Keanu Reeves), uma azul – que significaria a permanência num mundo de ilusões – e a uma vermelha – que o levaria a ganhar consciência sobre a realidade –, o termo é conhecido em grupos masculinistas e faz parte do vocabulário da direita e da extrema-direita.

O grupo conhecido como “red pills” é composto por homens que dizem se opor ao “sistema que favorece as mulheres” por terem alcançado um conhecimento privilegiado sobre essas relações. Atualmente, o coach, que também é palestrante, apresentador e escritor, chega a cobrar até R$ 2.500 por uma consultoria para homens que se consideram membros do grupo masculinista.

As irmãs Wachowski, diretoras do filme “Matrix”, já chegaram a confrontar figuras públicas como Ivanka Trump, Elon Musk e Abraham Weintraub pelo uso do termo “red pill” num contexto de políticas de extrema-direita. Lilly e Lana Wachowski são mulheres transgênero e trabalham com ativismo pela causa trans.