Por Mariana Saraiva- Correio Braziliense
Alan Lopes, de 21 anos, morto em Amsterdã, nasceu em Ceilândia, onde viveu até os 9 anos. Depois, mudou-se para Valparaíso de Goiás, onde ficou até os 14 anos, quando se mudou para Amsterdã com a mãe e as duas irmãs. O pai ainda mora na cidade goiana. A mãe de Alan, a maranhense Antônia Lima, chegou na capital ainda na adolescência e aqui teve os filhos. Entretanto, insatisfeita com a realidade da família no Entorno, foi buscar na Holanda melhores condições de vida.
Durante o período de sete anos no país europeu, Alan concluiu o ensino médio e começou a trabalhar em um açougue. Tinha acabado de tirar a carteira, iria começar a fazer um curso e almejava ser bem sucedido. A família de Alan, tanto aqui em Brasília quanto na Holanda, segue desolada com o acontecimento. A morte do brasiliense, que pode ter requintes de crueldade envolvendo práticas de antropofagia (ou canibalismo), segue cercada de enigmas.
O jovem que morava em Amsterdã com a família teve a vida interrompida precocemente. O suspeito do assassinato de Alan - a facadas - é Begoleã Mendes Fernandes, brasileiro preso no aeroporto de Lisboa com pedaços de carne humana na mala, na segunda-feira.
O jovem que morava em Amsterdã com a família teve a vida interrompida precocemente. O suspeito do assassinato de Alan - a facadas - é Begoleã Mendes Fernandes, brasileiro preso no aeroporto de Lisboa com pedaços de carne humana na mala, na segunda-feira.
No dia do acontecimento, no último domingo, a família do jovem em Brasília recebeu, por volta das 21h, a notícia de que Alan teria sido assassinado por uma pessoa que ele considerava um amigo e fazia parte do seu convívio há três anos. A tia paterna Valdete Lopes, residente em Valparaíso de Goiás, contou que o rapaz ajudava os parentes financeiramente, mesmo com o pouco que tinha.
"Ele sempre ajudava o próximo, era uma pessoa bondosa e está sendo muito difícil para a família aceitar que nunca mais vamos vê-lo", relatou. Ainda segundo a tia, Alan tinha vindo a Brasília antes da pandemia e estava planejando vir a passeio novamente este ano ao Brasil. O rapaz amava retornar à terra natal, mas seu lugar preferido era a cidade da família paterna, em Coribe, na Bahia.
"Ele sempre ajudava o próximo, era uma pessoa bondosa e está sendo muito difícil para a família aceitar que nunca mais vamos vê-lo", relatou. Ainda segundo a tia, Alan tinha vindo a Brasília antes da pandemia e estava planejando vir a passeio novamente este ano ao Brasil. O rapaz amava retornar à terra natal, mas seu lugar preferido era a cidade da família paterna, em Coribe, na Bahia.
Uma das irmãs que mora em Amsterdã, Kamila Lopes, 25, conta que a bondade de Alan vinha desde a infância. "Ele sempre teve um lado mais adulto. Quando criança, ele pegou um carrinho de bebê antigo e saía, de porta em porta, pela vizinhança, perguntando se alguém tinha lixo para que ele descartasse", descreveu.
Despedida
Alan será cremado na Holanda nesta quarta-feira. As cinzas serão transportadas para o Brasil e, após a despedida da família, em Brasília, irá para a Bahia. A família quer deixá-lo descansar no lugar que sempre amou visitar. Valdete mencionou que o pai de Alan não quis receber o filho dentro de um caixão e essa foi a melhor forma que encontraram para se despedir. "Ele quer ter a memória do filho vivo, não aguentaria ter que enterra-lo", lamenta a tia. Alan era o único filho homem do seu pai, que, segundo familiares, está sem conseguir dormir e recebendo apoio de parentes que moram perto.Investigação
Kamila Lopes contou que, até o momento, a polícia holandesa não tem atualizado a família sobre os desdobramentos da investigação e pede que eles foquem em organizar a cerimônia de despedida de Alan, que será feita antes da cremação. A moça também comentou que, na Holanda, o caso não gerou tanta repercussão como no Brasil e em Portugal, onde Begoleã Fernandes foi preso e confessou o crime, alegando legítima defesa. Em sua argumentação para o assassinato, o também brasileiro imputa à vítima a prática de canibalismo.