"Sabia que a Justiça seria feita, mas não imaginava que seria hoje. Esse tempo todo eu não estava chorando, estava forte, pensando em todas as vítimas. Hoje, foi choro de alívio. Valeu a pena ter mostrado meu rosto", diz Cohen, que também trabalha como miss.
Prisão
Brennand teve cinco prisões preventivas decretadas pela Justiça brasileira --uma delas, de 6 de março, é exatamente do caso denunciado por Cohen.
O empresário ficou conhecido após agredir, em agosto de 2022, a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo. Após o caso, ao menos 15 mulheres o acusaram de crimes sexuais, entre elas, a estudante de medicina.
À Folha de S.Paulo, Cohen disse que conheceu Brennand em outubro de 2021, quando ele a levou para jantar e, no fim, pediu duas caipirinhas. A estudante relatou que, após beber, começou a passar mal e ficar desorientada.
Ao acordar no dia seguinte, estava com dores em um local que não sabia onde era. Por isso, disse acreditar ter sido dopada e estuprada por ele.
O empresário teria dito ainda que eles iriam para sua casa no condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, no interior de São Paulo. Por isso, mandou o segurança levá-la de volta para casa para fazer uma mala.
Ao chegar em sua residência, ela afirmou ter avisado o segurança que tinha um compromisso e que voltaria para a casa de Brennand só mais tarde. Depois disso, entrou em casa e contou à mãe o que tinha acontecido.
Cohen afirmou que estava disposta a denunciá-lo, mas mudou de ideia depois que Brennand mandou um vídeo dos dois na noite anterior --ela disse que não autorizou que ele gravasse as imagens. "Na hora, aquilo me calou. Foi um misto de ódio com vergonha."
Para a estudante, o vídeo foi uma forma de intimidá-la. Quatro dias depois, ela procurou a ginecologista Roberta Grabert. Em um laudo escrito em 2022, a médica declarou que Cohen relatou ter sofrido abuso, mas que não quis procurar a polícia, pois estava sendo ameaçada por Brennand.
Em vídeos postados nas redes sociais, o empresário sempre negou todas as acusações. Em um deles, publicado no início do mês, ele afirmou que pretendia voltar ao Brasil e que devia desculpas a ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas que achava que seria preso "injustamente" no país.
No início de abril, o atual advogado do empresário, Eduardo Leite, chegou a pedir à Justiça a revogação dos pedidos prisões e a retirada de seu nome da lista de foragido da Interpol. Ao menos um deles foi negado pela Justiça.