SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A atriz Carol Portes, que faz parte do grupo de mulheres que acusam Marcius Melhem de assédio sexual, afirmou ao UOL que o humorista a beijou à força em uma visita a seu apartamento antes de uma festa em novembro de 2014.
Em nota enviada ao portal, Melhem negou a acusação e disse que o beijo foi consensual. Afirmou ainda que trocava mensagens de cunho sexual com a atriz porque eles flertavam.
"Ele saiu de toalha e me beijou à força. Eu me desvencilhei, constrangida. Bom, qualquer mulher já passou por isso, de desvencilhar, sabe? E aí eu disse: 'Não, não, vamos, quero ir logo, vamos logo', tipo, vamos embora."
Segundo a atriz, Melhem tinha enviado mensagens pedindo para tomar banho na casa dela e perguntando se ela estava sozinha. Quando ela respondeu que não, ele teria dito que não ia mais à festa e só iria vê-la. Após negar o beijo, a atriz afirma que o humorista não a soltou e pediu que ela esperasse enquanto ele ia para a festa sozinho antes dela.
Portes foi escalada por Melhem em fevereiro daquele ano para trabalhar no humorístico "Tá no Ar". No dia em que diz ter sido beijada à força, Portes se preparava para ir a uma festa de Marcelo Adnet, que também fazia parte do elenco do programa, num apartamento no mesmo prédio em que ela morava.
A atriz conta que conheceu o humorista numa cena que gravaria de maiô. Segundo ela, ele a chamava de "gostosa" constantemente, passava nos corredores e pegava em sua mão e nas de outras atrizes para passar no seu pênis.
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Entenda o caso
As acusações contra Melhem vieram a público no final de 2019. À época, os relatos envolviam somente assédio moral, mas depois surgiram denúncias de assédio sexual.
A Globo encerrou o contrato com o humorista em 2020, elogiando-o. Parte dos funcionários da emissora, descontentes, enviaram uma carta à direção da empresa pedindo uma reunião e expondo seu descontentamento.
Em janeiro de 2021, Melhem protocolou na Justiça de São Paulo uma ação de indenização por danos morais e materiais contra Dani Calabresa, atriz que liderou as denúncias de assédio contra ele.
Em paralelo, a ex-promotora Gabriela Manssur, à época na Ouvidoria das Mulheres do Conselho Nacional do Ministério Público, encaminhou ao Ministério Público do Rio de Janeiro o depoimento de oito mulheres que acusavam Melhem de assédio sexual e pediu a abertura de um processo criminal.
Hoje, depois de dois anos do início das acusações, ele enfrenta Dani Calabresa e outras mulheres que o acusaram de assédio sexual.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em março, Melhem disse acreditar que já cumpriu a pena a que poderia ser condenado e acusou a defesa da humorista de tentar atrasar a Justiça. Também tentou provar, a partir de uma troca de mensagens com a atriz, que eles tinham uma relação consensual.
O MP não comenta o processo porque ele corre em sigilo. O caso é investigado pela Deam, a Delegacia de Atendimento à Mulher do Rio de Janeiro. Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro também não comenta o caso.