"Eu não assediei Carol. Não cometi nenhum tipo de crime. Os cinco minutos naquele quarto foram absolutamente consensuais", disse Melhem, em referência à acusação de que teria beijado a artista à força em uma visita ao apartamento dela antes de uma festa em novembro de 2014.
"Ele saiu de toalha e me beijou à força. Eu me desvencilhei, constrangida. Bom, qualquer mulher já passou por isso, de desvencilhar, sabe? E aí eu disse: 'Não, não, vamos, quero ir logo, vamos logo', tipo, vamos embora", Portes afirmou ao UOL.
Na entrevista, a atriz também acusa Melhem de tê-la boicotado profissionalmente, diminuindo sua participação no programa humorístico "Tá no Ar". O ex-diretor, porém, diz que isso não é verdade e que tentava ajudar Carol a conseguir papéis.
No vídeo, ele mostrou mensagens de 2019 em que a indica a Felipe Jofilly, então diretor artístico da série "Filhos da Pátria", e outras em que sugere o nome da atriz a Bruno Mazzeo, criador da série "Cilada". Mazzeo procurava uma atriz para o programa. A participação de Carol acabou não se concretizando.
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"Isso prova que eu não estava prejudicando a carreira dela, e sim tentando ajudar. Não estava boicotando ela em nada", afirmou Melhem.
Para o humorista, Carol foi manipulada para acreditar ter sido vítima de assédio, um plano que teria sido idealizado pela advogada do grupo de mulheres que o acusa, Mayra Cotta, e por Verônica Debom, atriz que também disse ter sido assediada.
"Fizeram a cabeça da Carol para transformar uma noite em que nós nos relacionamos consensualmente, que não representou nada, em uma noite de assédio em que eu teria saído de toalha."
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Em nota conjunta, Carol e Cotta afirmaram que as declarações de Melhem são uma tentativa de intimidar e silenciar mulheres que defendem vítimas de assédio e denunciam o agressor. Carol disse também não ter sido manipulada para acusá-lo de assédio.
"Trata-se de um ataque não somente à fala da vítima ou de sua defensora, mas a todas as demais que, após lutarem muito pelo direito de atuar na profissão em equidade, continuam a conviver com inúmeros episódios de opressão, machismo e injustiça, seja como atriz, seja como advogada", afirmou a advogada.
ENTENDA O CASO
As acusações contra Melhem vieram a público no final de 2019. À época, os relatos envolviam somente assédio moral, mas depois surgiram denúncias de assédio sexual.
A Globo encerrou o contrato com o humorista em 2020, elogiando-o. Parte dos funcionários da emissora, descontentes, enviaram uma carta à direção da empresa pedindo uma reunião e expondo seu descontentamento.
Em janeiro de 2021, Melhem protocolou na Justiça de São Paulo uma ação de indenização por danos morais e materiais contra Dani Calabresa, atriz que liderou as denúncias de assédio contra ele.
Em paralelo, a ex-promotora Gabriela Manssur, à época na Ouvidoria das Mulheres do Conselho Nacional do Ministério Público, encaminhou ao Ministério Público do Rio de Janeiro depoimento de oito mulheres que acusavam Melhem de assédio sexual e pediu a abertura de um processo criminal.
Hoje, depois de dois anos do início das acusações, ele enfrenta Dani Calabresa e outras mulheres que o acusaram de assédio sexual.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em março, Melhem disse acreditar que já cumpriu a pena à que poderia ser condenado e acusou a defesa da humorista de tentar atrasar a Justiça. Também tentou provar, a partir de uma troca de mensagens com a atriz, que eles tinham uma relação consensual.
O MP não comenta o processo porque ele corre em sigilo. O caso é investigado pela Deam, a Delegacia de Atendimento à Mulher do Rio de Janeiro. Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro também não comenta o caso.