Na segunda-feira (24) foi inaugurado o primeiro museu dedicado à história da Cannabis em território nacional. O Museu da Cannabis do Brasil, em João Pessoa, é uma iniciativa da ONG Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace). Vereadores locais debateram assiduamente o tema durante a sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (25).
A vereadora Eliza Virgínia (PP) iniciou a discussão com a intenção de elaborar um voto de repúdio à abertura do museu, alegando que a Abrace está utilizando do pretexto para fazer apologia às drogas. Eliza afirmou que o uso da planta causa retardo mental e dificuldade de aprendizado, também convidou o Conselho Municipal Antidrogas para uma reunião com a finalidade de discutir a retirada do museu da capital paraibana. A representante ainda insinuou que o uso medicinal é apenas um pretexto para “maconheiros” continuarem o uso recreativo da Cannabis.
Dois colegas parlamentares se manifestaram contra as falas de Eliza (PP). Os vereadores Marcos Henriques (PT) e Junio Leandro (PDT) apontaram a função da Liga Canábica da Paraíba, que luta a favor do uso medicinal do canabidiol – substância abundante na cannabis. Os dois reforçaram os embasamentos científicos e a eficácia do composto químico em tratamentos de transtornos de epilepsia, principalmente os infantis.
A proposta de repúdio feita por Eliza Virgínia (PP) foi aprovada pela maioria dos representantes: Coronel Sobreira (MDB), Durval Ferreira (PL) e Marcílio do HBE (Patriota). Os vereadores Junio Leandro (PDT), Marcos Henriques (PT) e Toinho Pé de Aço (PMB) foram contra a ação e Odon Bezerra (PSB) absteve-se da votação.
O projeto do museu
Localizado em um prédio ao lado da sede da Abrace, o museu tem como proposta destacar a história da planta no país e destacar os seus benefícios medicinais. Sua inauguração foi na Semana de Integração das Associações de Acesso à Cannabis (Sidaac), que promove a luta contra os preconceitos associados com o uso medicinal de substâncias da planta.
A Cannabis foi proibida em território nacional em 1910. Contudo, estudos de 2014 comprovaram a eficácia dela no tratamento de casos de epilepsia. A Abrace foi a primeira instituição não governamental brasileira que conquistou o direito de plantar espécimes com fins medicinais.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Diogo Finelli