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Estado de Minas CRIMES SEXUAIS

Caso Thiago Brennand: Emirados Árabes autorizam Brasil a buscar empresário

Acusado por crimes sexuais, Brennand responde a oito denúncias e teve cinco prisões preventivas decretadas


26/04/2023 10:18 - atualizado 26/04/2023 11:08
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empresário Thiago Brennand
O empresário Thiago Brennand, que foi preso nos Emirados Árabes e deve ser extraditado para o Brasil (foto: Redes Sociais/Reprodução)

Embaixada do Brasil nos Emirados Árabes recebe autorização para a extradição de Thiago Brenand, 42 anos. A informação foi confirmada pelo Itamaraty. Segundo o órgão, o governo dos Emirados Árabes já deu a autorização para a embaixada brasileira em Abu Dhabi.

 

"A embaixada está para comunicar o Itamaraty sobre essa comunicação do governo dos Emirados Árabes. Ao longo do dia o Itamaraty e os órgãos brasileiros vão ser comunicados para organizar as equipes responsáveis para ir buscá-lo", informou o Itamaraty.

 

Acusado de crimes sexuais, Brennand está nos Emirados Árabes desde setembro do ano passado e, por isso, era considerado foragido e teve seu nome incluído na lista da Interpol.

 

Assim, acabou detido em Abu Dhabi em outubro -ele pagou a fiança e responde o processo de extradição em liberdade. Ele ficou conhecido após agredir, em agosto de 2022, a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo.

 

A extradição de Brennand acontece após as autoridades dos Emirados Árabes terem autorizado a extradição do empresário e, poucos dias depois, apreendido ele no dia 17, em Abu Dhabi. A prisão é uma etapa necessária para o andamento do processo de extradição de Brennand que tem cinco prisões preventivas decretadas e responde a oito denúncias.

A expectativa é que, assim que desembarque no Brasil, Brennand seja levado para a audiência de custódia. Em seguida, será encaminhado para o sistema penitenciário --o destino, cogita-se, seria o CDP (Centro de Detenção Provisoria) 2 de Guarulhos. Fontes ligadas ao processo de extradição afirmam que os advogados do empresário tentavam negociar uma cela especial para ele.

 

A Promotoria considera que, com a presença do empresário em solo brasileiro, o andamento das ações será acelerado, assim como as "demais investigações que estão em andamento no âmbito do Ministério Público".

 

A PF afirma que, por questões de segurança, informações sobre extradição não são divulgadas até a sua efetiva realização, ou seja, até que o extraditando seja recolhido ao sistema prisional.

Pedidos de prisão


Entenda 4 dos 5 pedidos de prisão contra Brennand. Os detalhes sobre o quinto ainda não foram divulgados.

 

Após a acusação de agressão à modelo Alliny Helena Gomes, Brennand deixou o Brasil em 4 de setembro, horas antes da denúncia do Ministério Público. O órgão determinou que ele retornasse ao Brasil até 23 de setembro e entregasse o passaporte. Como não cumpriu a medida, ele teve a prisão preventiva decretada no dia 27 de setembro e tornou-se foragido.

 

A viagem inicialmente foi para para Dubai, nos Emirados Árabes. Logo depois, a Justiça decretou uma nova prisão contra Brennand, desta vez sob a acusação de tatuar à força e manter em cárcere privado uma mulher em Porto Feliz, no interior paulista.

 

No dia 7 de novembro, ele teve a terceira prisão preventiva decretada pela Justiça. Na ocasião, os promotores Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Júnior apresentaram denúncia contra ele por suspeita de estupro que teria ocorrido também em Porto Feliz. No dia 6 de março, ele teve a prisão preventiva decretada após a denúncia da miss e estudante de medicina Stefanie Cohen.

 

Ela afirma que foi estuprada por Brennand em 2021. Em vídeos postados nas redes sociais, o empresário sempre negou todas as acusações. Em um deles, publicado no início do mês, ele afirmou que pretendia voltar ao Brasil e que devia desculpas a ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas que achava que seria preso "injustamente" no país.

 

A defesa que o representou no caso da agressão contra Alliny Helena Gomes afirmou que ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos às autoridades e disse que os vídeos mostram que as agressões verbais foram iniciadas por ela.

 

Ele já teve a prisão decretada por lesão corporal e corrupção de menores -segundo a Promotoria, teria incentivado o filho adolescente a ofender a modelo. A viagem aos Emirados Árabes ocorreu horas antes de o Ministério Público apresentar a denúncia contra ele.

 

Brennand trocou diversas vezes de advogados desde as primeiras denúncias. No início, foi representado pelo escritório Cavalcanti e Sion. Depois, passou a ser representado pelo advogado Ricardo Sayeg, que deixou o caso no início deste ano. Agora, ele segue com o advogado Eduardo Leite.  

 

Após o caso de Alliny, ao menos 15 mulheres o acusaram de supostos crimes sexuais. Em decorrência destas denúncias, ele somou ao longo dos últimos meses oito denúncias do Ministério Público de São Paulo e cinco prisões preventivas decretadas.

 

Brennand teve o registro no CAC (caçadores, atiradores e colecionadores) suspenso. Por isso, no dia 17 de março, 70 armas do empresário foram apreendidas pela polícia de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os armamentos foram encaminhados para perícia no IC (Instituto de Criminalística) e, depois, ficariam à disposição da Justiça de Porto Feliz, onde o empresário é também é investigado.

 

Nos últimos meses, Brennand publicou vídeos para falar das investigações, que já foram apagados. Entre eles, xingou promotores e advogados envolvidos, negou os supostos crimes e disse ser alvo de perseguição. Disse ainda que, no Brasil, a maioria das denúncias de assédio sexual é falsa --a tese dele, porém, é refutada por especialistas.

 

Além disso, nos vídeos ele xingava a antiga advogada, a Procurador-Geral de Justiça de São Paulo Mário Sarrubbo e a ex-promotora de Justiça de São Paulo Gabriela Manssur, fundadora do coletivo Justiceiras, que recebeu denúncias contra o empresário e auxiliou no caso.

Ela protocolou duas queixas-crimes contra Brennand após a divulgação dos vídeos. Após a primeira queixa, a Justiça determinou que Brennand se abstenha de fazer publicações ofensivas à honra e à imagem da advogada e ex-promotora Gabriela Manssur.

 

Além dos episódios de crimes sexuais, Brennand acumulava intrigas familiares --ele é filho de uma família rica de Recife. A fortuna de Brennand, segundo advogados e familiares, é estimada em mais de R$ 200 milhões, que incluem casa no condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (interior paulista), carros de luxo, propriedades em São Paulo e armas --calcula-se que ele possui um arsenal de mais de 50 armas.

 

Uma reportagem da Folha mostrou que, em um documento público de novembro de 2019, os pais do empresário pediram exclusão dele de testamento por ameaças. Entre os motivos mencionados estão a "absoluta inexistência de qualquer afinidade" entre eles e as agressões "de forma reiterada, explícita e pública, pessoalmente e através de emails" que provocou "insuportável nível de sofrimento".


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