O juiz federal Márcio André Lopes Cavalcante concedeu liminar neste sábado (29/4) favorável à deputada estadual e protetora dos animais Joana Darc (União Brasil-AM) autorizando o livre acesso à capivara Filó, que está em um centro de tratamento de Manaus. A parlamentar usou as redes sociais para afirmar que ela e o influenciador Agenor Tupinambá teriam sido enganados pelo Ibama, pois o instituto não estaria permitindo que eles vejam o animal silvestre. O tiktoker tem 23 anos, mora em Autazes, no Amazonas, e viralizou ao divulgar sua rotina ao lado da capivara.
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Mega-Sena: aposta da Grande BH fatura sozinha o prêmio de R$ 61 milhõesNo Brasil, audiência de custódia de Thiago Brennand será amanhãAnatel: proposta mostrará nome da empresa e motivo da ligação ao consumidorLogo, na liminar, o juiz federal autorizou a Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Amazonas, presidida pela deputada, a fiscalizar as instalações e “realizar avaliação clínica e física da capivara Filó, devendo ser disponibilizado total acesso ao animal, sem qualquer embaraço”. Para isso, o juiz ainda concedeu ao oficial de Justiça, caso necessário, a possibilidade de requerer o uso da “força policial”.
Ibama rebate deputada
Em novo comunicado divulgado na noite deste sábado (29/4), o Ibama desmentiu a notícia de que haveria decisão judicial determinando a devolução da capivara para Agenor Tupinambá. “A decisão judicial publicada na tarde deste sábado apenas autoriza que integrantes da Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) acompanhem os trabalhos no Cetas relacionados à capivara resgatada”, esclareceu o instituto.
Mais cedo, a deputada Joana Darc fez uma série de acusações contra o Ibama. “Nós agimos de boa-fé levando eles lá na propriedade. (...). O Ibama abusou da autoridade na casa do Agenor. Os fiscais fizeram um interrogatório completamente abusivo. (...). A Filó está em cativeiro em uma gaiola horrível”, declarou.
Em resposta à parte das alegações da parlamentar publicada no Twitter, o Ibama disse que “a deputada Joana Darc foi ao local, observou o animal e divulgou informação falsa de que haveria vacinas vencidas”. Segundo o órgão, “o protocolo clínico veterinário determina que não se imuniza animais silvestres”. Leia o comunicado na íntegra no fim da reportagem.
Por decisão judicial, o animal, apelidado de Filomena, foi entregue aos cuidados do Ibama na última quinta-feira (27/4), quando o tiktoker e a capivara foram de avião de Autazes a Manaus, onde Filó é assistida pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) para posterior reintegração à natureza. O influenciador ainda foi multado em mais de R$ 17 mil depois de ser acusado de maus-tratos e exploração contra animais.
“De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus-tratos e exploração contra animais. Também fui acusado de matar um animal do qual todos são testemunhas que só dediquei amor e fiz tudo que podia para preservar sua vida”, declarou Agenor em suas redes sociais na ocasião.
Leia a íntegra do comunicado do Ibama deste sábado (29/4)
"Nota de esclarecimento
É falsa a informação divulgada neste sábado (29/4) em redes sociais de que haveria decisão judicial determinando a devolução de uma capivara ao infrator Agenor Tupinambá.
O animal havia sido entregue ao Ibama na última quinta-feira (27/04) e está sob cuidados no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Manaus.
Agenor foi autuado em R$ 17 mil por diversos crimes ambientais, entre eles matar espécie da fauna silvestre (preguiça real), praticar abuso (capivara) e manter em cativeiro para obter vantagem financeira (capivara e papagaio).
Decisão judicial publicada na tarde deste sábado apenas autoriza que integrantes da Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) acompanhem os trabalhos no Cetas relacionados à capivara resgatada.
A deputada Joana Darc foi ao local, observou o animal e divulgou informação falsa de que haveria vacinas vencidas. O protocolo clínico veterinário determina que não se imuniza animais silvestres. O objetivo do Ibama após avaliação técnica é devolver a capivara à natureza garantindo o seu bem-estar e o cumprimento da lei.
Os Cetas funcionam como unidades para tratamentos e reabilitação de animais vítimas do tráfico ou resgatados. O Cetas-AM é especializado na reabilitação e soltura do sauim de coleira, espécie que só ocorre em Manaus e está ameaçada de extinção. É um trabalho delicado e longo.
Movimentação de pessoas no local, como ocorreu neste sábado, pode prejudicar a reabilitação, retardando o processo e causando estresse desnecessário a animais que já passaram por bastante sofrimento.
Desde janeiro deste ano, os Cetas do Ibama já devolveram à natureza, após reabilitação, 5,6 mil animais no país. O trabalho desses centros é fundamental para a proteção da fauna brasileira e manutenção do equilíbrio ambiental."