Jornal Estado de Minas

MEIO AMBIENTE

Caso Filó: Ibama cita 'intimidação' e tentativa de 'deslegitimar' instituto

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) emitiu um comunicado neste domingo (30/4) no qual diz que "repudia a intimidação praticada contra seus servidores" nesse sábado (29/4) no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Manaus, no Amazonas. 




 
Ontem, a deputada estadual Joana Darc (União Brasil-AM) esteve no local e, em vídeos publicados em suas redes sociais, alegou que ela e o influenciador Agenor Tupinambá – que mora em Autazes, no Amazonas, e viralizou ao divulgar sua rotina ao lado da capivara – teriam sido enganados pelo instituto, que não estaria permitindo o acesso deles ao animal. 
 
Nesta tarde, o Ibama qualificou esse episódio como "uma clara tentativa de deslegitimar a atuação do Instituto no cumprimento da legislação ambiental". 
 
"A devolução da capivara à natureza tem sido o objetivo do Ibama desde o início do caso, por ser a melhor alternativa para o bem-estar do animal. (...). A soltura deverá ocorrer em unidade de conservação previamente selecionada, que abriga outros indivíduos da espécie", diz trecho do comunicado da autarquia. 
 
Por enquanto, a guarda da capivara Filó ficará temporariamente com o influenciador, conforme decidido pela Justiça Federal na madrugada deste domingo. Vale lembrar que, também por decisão judicial, Filó havia sido retirada do tiktoker e entregue aos cuidados do Ibama na quinta-feira (27/4) depois dele ser acusado de maus-tratos e exploração animal, além de ser multado em pouco mais de R$ 17 mil.



"O autor, morador da zona rural de um pequeno Município do interior do Estado do Amazonas, vive em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta e com os animais ali existentes. Não há muros ou cercas que separam o casebre de madeira do autor em relação aos limites da floresta”, pontua na nova decisão o juiz federal Márcio André Lopes Cavalcante, destacando ainda que "não é a Filó que mora na casa de Agenor", mas "é o autor que vive na floresta, como ocorre com outros milhares de ribeirinhos da Amazônia". 
 
"Registre-se, por fim, que toda essa controvérsia envolvendo a apreensão do animal que, supostamente, estaria sendo criado pelo autor como pet, é fruto de um profundo desconhecimento da realidade do interior do Amazonas e de um choque cultural", completa o magistrado. 
 
Ontem, o mesmo juiz já havia condenado a condução do caso pelo Ibama ao afirmar que o órgão estava "violando seu dever de transparência e informação ambiental" em relação às condições da capivara no Cetas de Manaus. Em decisão liminar, o magistrado autorizou a Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Amazonas, presidida pela deputada, a fiscalizar as instalações "sem qualquer embaraço".