O motorista de aplicativo Christopher Rodrigues, de 27 anos, que atropelou e matou o motociclista Matheus Campos da Silva, de 21 — logo depois de supostamente flagrar a vítima cometendo o roubo de celular, na Região Central de São Paulo, na ligação Leste-Oeste —, foi indiciado por três crimes. Depois do acidente, ocorrido em 25 de abril, Christopher gravou um vídeo debochando da situação e o publicou nas redes sociais.
O 5º Distrito Policial (Aclimação), que investiga o caso, indiciou o motorista por homicídio culposo (sem intenção de matar) na direção de veículo automotor, com agravante por omissão de socorro e por incitação ao crime. Ainda de acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o inquérito policial foi relatado na quinta-feira e encaminhado ao Poder Judiciário.
Segundo o delegado titular do 5º DP, Percival Alcântara, titular, responsável pelo inquérito, a perícia não constatou que Christopher tivesse "intenção de matar". O laudo da necropsia afirmou que Matheus morreu em decorrência de politraumatismo.
De acordo com as investigações, o motociclista teria furtado o celular de um carro de um motorista de aplicativo que estava na mesma via, jogando o corpo para dentro do veículo e puxando o aparelho — que estava no painel. Os policiais que atenderam à ocorrência confirmam o furto, mas apenas uma das vítimas reconheceu Matheus.
Os passageiros do veículo de aplicativo cujo celular acabara de ser furtado relataram ter ouvido um estrondo, que foi o impacto do carro de Christopher com a moto de Matheus. Desceram e viram a vítima, sob o outro veículo, ainda com vida e o aparelho no asfalto.
Foi quando Christopher passou a fazer as imagens do atropelamento. As cenas mostraram pessoas em volta do carro observando a ocorrência. Mesmo com pedidos de pessoas que assistiram à cena, o motorista disse que só tiraria o carro quando policiais chegassem para que o rapaz não fugisse.
"Pois é, infelizmente Lúcifer Morningstar (um personagem da indústria de quadrinhos DC Comics) recebeu mais um membro na equipe", disse o motorista em vídeo feito por ele mesmo e postado nas redes sociais. "Agora, ir para a delegacia assinar um assassinato", disse Rodrigues, na ocasião, sem demonstrar arrependimento, e com a frase: "Menos um fazendo um L", escrita em alusão aos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na ocasião, a plataforma 99, que oferece caronas por aplicativo e que tinha Rodrigues inscrito como condutor, anunciou o bloqueio permamente do perfil do motorista.