O menino de Santa Catarina que foi levado para São Paulo após ter sido entregue pela mãe a uma mulher deve retornar a São José (SC), na grande Florianópolis, nesta segunda (15). A informação é do governo de SC, que disponibilizou à Justiça uma aeronave da Polícia Militar para fazer o transporte do menino.
A aeronave decolou para São Paulo por volta das 7h. "A expectativa é de que a equipe formada por policiais civis e militares e uma psicóloga retorne ao estado catarinense no começo da tarde de hoje", diz o governo de Santa Catarina.
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O menino, que tem 2 anos, será acolhido em um abrigo institucional em São José até que a Justiça do estado decida quem ficará responsável pela criança. Os avós do menino já solicitaram a guarda provisória, mas ainda não há decisão.
O caso começou a tramitar no Juízo da Vara da Infância e da Juventude do Foro Regional do Tatuapé, em São Paulo, onde o menino foi encontrado pela Polícia Militar no dia 8 de maio. Desde então, ele ficou em uma casa de acolhimento na capital paulista.
Na sexta (12), a Justiça de São Paulo decidiu transferir a competência do caso para São José, com o retorno do menino para o estado de origem.
Em entrevista exibida na noite deste domingo (14) pelo Fantástico, da TV Globo, a mãe disse que se arrependia de ter entregue a criança.
No carro em que a criança foi encontrada em São Paulo estavam Marcelo Valverde Valeze, 52, e Roberta Porfírio de Souza Santos, 41, que estão presos preventivamente. Suspeitos de tráfico de pessoas, eles negam as acusações.
De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina, o marido de Roberta Santos também é investigado. Uma das hipóteses é que o casal tentava adotar a criança de forma clandestina. Outra investigada é a esposa de Marcelo Valeze.
Mãe relata pressão
A mãe do menino tem 22 anos e contou que conheceu Valeze durante a gravidez, em 2021, em um grupo de apoio a mães. Não há registro do pai do menino na certidão de nascimento.
A partir daí, ainda segundo a mãe, começaram a trocar mensagens. "Ele contou a história dele, que é tentante com a mulher dele, que tiveram diversos abortos, que eu tive uma gravidez inesperada, e dessa situação foi gerando uma confiança", disse ela ao Fantástico.
Então começaram propostas. "Ele falava que se eu botasse uma criança no mundo para sofrer, aquilo iria me gerar um carma, gerar carma na criança", contou.
Ainda segundo ela, no mês passado os dois voltaram a trocar mensagens com mais frequência. Valeze teria dito que não queria mais ficar com o bebê, mas que conhecia uma mulher que poderia ficar com a criança.
Eles combinaram um encontro com Roberta Santos no dia 30 de abril, na praça de alimentação de um shopping em São José. Mas a mulher se atrasou e o encontro ocorreu depois, em um estacionamento de um supermercado.
A esposa de Valeze teria feito um Pix de R$ 100 para a mãe do menino pagar alimentação e transporte. No estacionamento, de dentro do carro, onde estava Roberta Santos e o marido, a mãe afirmou ter sido pressionada a entregar a criança, segundo falou à TV.
"Eu teria que tomar a decisão ali mesmo, então, por pressão e manipulação, que eu já estava ali, acabei cedendo, tive um surto e resolvi entregar a criança a ele, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo", afirmou.
A mãe ficou hospedada em um hotel pago por Roberta Santos, segundo as investigações, e teria voltado para casa no dia seguinte, 1º de maio, quando foi informada que o menino estava em Balneário Camboriú -imagens do garoto brincando com outras crianças na areia foram mandadas para ela.
A jovem disse ter se arrependido quando Santos afirmou que iria embora -o garoto foi levado para São Paulo, onde a suspeita mora. "Naquele momento começou o arrependimento e a cair a ficha do que tinha feito."