Os novos indiciados são Rubem Villar, o Colômbia, investigado como mandante do crime, e o pescador Jânio Freitas de Souza.
Em maio, três réus acusados pelas mortes deram depoimentos on-line para a Justiça Federal de Tabatinga (AM). A audiência abriu a fase processual, que vai decidir se os acusados vão a júri popular.
Colômbia é suspeito de liderar uma organização criminosa de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia. Ele foi preso em julho de 2022 por falsidade ideológica.
Segundo as investigações, Jânio faz parte dessa organização, assim como Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, um dos réus do caso e que também está preso. Pelado e Jefferson da Silva Lima confessaram os assassinatos. O terceiro réu preso é Oseney de Olivera (o dos Santos).
A polícia deixou Colômbia e Pelado na mesma cela durante um período e gravou uma conversa em que o primeiro teria pedido ao segundo para não revelar que era o responsável pelo fornecimento de munição para matar Bruno e Dom.
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Segundo a investigação, Bruno era monitorado pela organização criminosa. Em um ano, foram registradas 419 ligações entre os acusados, inclusive na data do crime, antes e depois da execução. As ligações são tratadas como provas que o crime foi premeditado.
Jânio é apontado como a pessoa que avisou os assassinos sobre o percurso que as vítimas fariam de barco, após Bruno e Dom conversarem com ele em uma comunidade ribeirinha. A última imagem de Dom mostra o jornalista conversando com o pescador.
A perícia da Polícia Federal cronometrou o tempo necessário para o barco dos réus confessos alcançar o de Bruno e Dom. "O indicativo mais consistente de premeditação é o pouco tempo que eles tiveram para preparar tudo e sair", afirmou o perito Carlos Palhares.
Segundo ele, é possível que tudo já estivesse pronto para o crime. O indigenista e o jornalista não teriam ouvido a aproximação do barco onde estavam Pelado e Jefferson e foram baleados pelas costas.
Exames de balística mostram que Bruno foi atingido a uma distância de seis metros.
Projeto Bruno e Dom
Após dez meses de investigação jornalística sobre diferentes aspectos da exploração predatória da Amazônia, um consórcio internacional formado por 16 veículos de imprensa —a Folha entre eles— apresenta as reportagens elaboradas em "O Projeto Bruno e Dom – Uma Investigação sobre a Pilhagem da Amazônia".
Integram o consórcio 16 veículos e organizações jornalísticas de dez países. A iniciativa é capitaneada pela Forbidden Stories, uma organização que se dedica a dar continuidade ao trabalho de jornalistas assassinados no exercício do ofício.
A ideia do projeto é uma união de esforços, o que envolveu mais de 50 jornalistas, para o prosseguimento do trabalho de Dom, que morreu durante a apuração para um livro na região do Vale do Javari, na companhia de Bruno.