Jornal Estado de Minas

BOMBOM

Depois de 85 anos, Sonho de Valsa não é mais bombom

O Sonho de Valsa não é mais um bombom. Isso mesmo, o doce que surgiu há 85 anos mudou de nome, desde o ano passado ele é vendido pelo nome de wafer. A decisão partiu da Mondeléz, dona da Lacta, fabricante do produto, que com a alteração está pagando menos impostos.  

Como o Sonho de Valsa era considerado um bombom, pelo formato e o modo como era embalado, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrava um tributo de 5% sobre a mercadoria. Então, a Mondeléz mudou para uma embalagem mais selada, sendo classificado agora para “Produtos de padaria, pastelaria ou da indústria de bolachas e biscoitos”.




Assim, todo esse movimento é dentro da lei e a empresa não precisa mais pagar o IPI sobre o produto, já que o wafer tem tributação zero. 

O ex-bombom Sonho de Valsa surgiu em 1938 e sua receita é a mesma desde então: recheio de massa de castanha de caju, casquinha de wafer, cobertura de chocolate meio amargo e ao leite. A mudança não afeta em nada a receita, a única coisa que mudou mesmo é o nome. 

Estratégia conhecida

Marcas como Garoto e McDonald's já utilizaram da mesma tática. Em 2021, o bombom Serenata de Amor também passou para a categoria de wafer. Neste ano, o McDonald’s mudou a nomenclatura do sorvete, que passou a ser vendido como bebida láctea, que possui alíquota zero de PIS/Cofins. 

Desde 2015, os chocolates e sorvetes têm uma alíquota de 5% sobre o preço de venda. Isso explica as brechas encontradas pelas empresas no sistema tributário brasileiro, porque, dependendo do enquadramento do produto, ele tem um valor de imposto diferente.