O líder religioso foi detido na cidade de Arcoverde, a cerca de 250 quilômetros do Recife. O mandado de prisão foi cumprido pela Polícia Civil de Pernambuco, em uma ação conjunta com a corporação no Ceará e a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O padre também foi alvo de um mandado de apreensão na mesma cidade. As investigações sobre o caso correm em sigilo e, por meio de nota, a polícia disse que divulgaria mais detalhes "em momento oportuno".
Procurada pela reportagem, a defesa de Freire disse que vai entrar com habeas corpus contra a prisão. Para os advogados, o mandado de prisão foi "totalmente contrário às condições previstas em lei".
"Apesar de todo o apoio que tem recebido de milhares de pessoas na internet e em manifestações públicas nas ruas de Arcoverde (PE), o padre jamais estimulou ou insuflou movimentos, de modo a não causar comoção social ou desordem pública", afirmaram os advogados Marcelo Leal e Mariana Carvalho, em nota.
Denúncia de estupro
Alerta de conteúdo sensível: Relato da vítima pode ser perturbador para alguns leitores.
A personal stylist Sílvia Tavares disse ter sido abusada sexualmente pelo motorista do padre em agosto de 2022 e que o denunciou à polícia três meses depois.
À reportagem, a vítima contou que conheceu o padre em 2019 e que costumava frequentar retiros espirituais organizados por ele. Ela disse que, em um desses eventos, foi chamada pelo religioso para ir a uma casa isolada, onde teria acontecido o crime, na Fazenda Malhada, em Arcoverde.
Ela conta que o padre teria mandado mensagem pedindo sua presença na 'casinha', onde ficam os aposentos do clérigo. Ao entrar no local, ele estaria deitado, teria pedido uma massagem, e, pouco depois, ela teria percebido que ele estava sem roupas, momento em que teria sido abordada pelo motorista do sacerdote com uma faca.
A mulher relata que o padre mandou o motorista estuprá-la e que ele teria assistido à cena enquanto se masturbava. Segundo ela, o sacerdote não fez qualquer ação para ajudá-la.
Chocada, ela disse só ter procurado a polícia em novembro do ano passado, após um período que "não foi fácil". "Não fui estuprada por uma pessoa estranha, foi de alguém que eu amava, um homem que eu considerava como um pai", afirmou. Além disso, disse ter sido ameaçada pelo sacerdote para que ficasse calada para não ser "pior para ela".
"Ele disse: 'posso te pedir um favor? Me faça uma massagem'. E eu, na maior inocência do mundo, aceitei, porque todo mundo considerava ele um santo, inclusive eu. Foi quando comecei a dar a massagem. Ele tava sem camisa e, quando desci um pouco a mão pelas costas dele, percebi que ele estava nu. Simplesmente dei um pulo e o outro homem [o motorista] colocou uma faca em mim. Fiquei imobilizada porque ele [o motorista] que me deu uma gravata e botou a faca. Ele [o padre] disse 'tire a roupa' e pediu para o outro [o motorista] tirar a roupa. Ele pegou um lençol de seda e foi para uma cadeira, sentou nu e ficava ordenando tudo", contou Sílvia.
Em caso de violência, procure ajuda
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 -Central de Atendimento à Mulher- e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.