O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou nesta terça-feira (31) que a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional vão atuar no policiamento ostensivo no Rio de Janeiro durante o próximo final de semana.
No sábado (4), o Rio sedia a final da Libertadores da América, com jogo entre Fluminense e Boca Junior. Já no domingo (5), a cidade tem as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
As ações fazem parte do reforço na atuação do governo federal na segurança do Rio de Janeiro.
O pacote do governo federal está sendo elaborado pelo governo focado em minimizar a crise de violência no Rio de Janeiro. Ele deve ser entregue ao presidente Lula (PL) nesta terça.
A afirmação de Dino foi em coletiva após se reunir com representantes da Polícia Federal e com o ministro da Defesa, José Múcio. O objetivo do encontro foi definir a atuação das Forças Armadas no Rio.
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No último dia 23, 35 ônibus e um trem foram incendiados na zona oeste do Rio após a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado. O ataque foi o maior já registrado contra o transporte público fluminense e causou o caos na cidade, com vias fechadas e estações lotadas.
Dias antes, em 5 de outubro, três médicos foram assassinados após um deles ser confundido com um miliciano jurado de morte por um grupo rival.
A segurança pública vem sendo um dos pontos de atenção do governo desde que Lula assumiu.
O tema passou a causar mais preocupação após estados comandados por aliados do presidente aparecerem entre os mais violentos.
A Bahia, do aliado petista Jerônimo Rodrigues, por exemplo, passou por uma onda de violência histórica em setembro, com mais de 50 mortos por PMs. O caso se transformou em um "teto de vidro" para o governo federal.
A escalada da violência no estado baiano, o avanço da letalidade policial e os sinais trocados ao lidar com governadores aliados e adversários fizeram a gestão Lula ser criticada e acusada de patinar nas crises da segurança pública, que envolvem governadores aliados e adversários.
Com a escalada da violência, Dino chegou a anunciar no início de outubro um plano de enfrentamento ao crime organizado, mas até o momento não houve um detalhamento de como a proposta será implementada.
Na mesma data do anúncio, assinou portaria para reforço da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e envio da Força Nacional ao Rio.
A falta de uma resposta mais efetiva colocou Dino na mira e reascendeu o debate acerca da divisão do Ministério da Justiça em dois, separando-o da Segurança Pública.
Nesse cenário, e com o Rio no centro da escalada da violência, Dino passou a se reunir com autoridades fluminenses e de outras pastas para tentar uma solução.
Uma das propostas, discutida na reunião de hoje, foi o uso de militares na segurança. Como o presidente Lula (PT) disse não querer militares nas favelas e nas ruas, o governo passou a debater o uso das Forças nos portos, aeroportos e na fronteira terrestre.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o Ministério da Justiça também aproveitou a demanda de policiais do Rio para tentar resolver um imbróglio antigo entre Receita Federal e PF para que ambos os órgãos atuem de maneira conjunta nos portos e aeroportos.
O objetivo é reforçar a patrulha nesses locais, utilizados pelo crime organizado como saída para o tráfico internacional, considerado pelos investigadores como uma das principais fontes de renda do crime no Rio.
Outra medida foi o reforço as equipes da PF que atuam no Gise (Grupo de Inquéritos Sensíveis), setor responsável pelas investigações de facções, milícias e tráfico de armas.
O secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, do Ministério da Justiça, também anunciou na segunda-feira (30) que o governo federal e o estado do Rio de Janeiro vão criar um comitê para combater a lavagem de dinheiro de grupos criminosos.
Farão parte do Cifra (Comitê Integrado de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos) representantes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, da Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro, do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Haverá conversa para que o Coaf (Conselho de Controle de Ativos Financeiros) também possa atuar.