Saudosistas dos antigos jogos de tabuleiros, como War, Banco Imobiliário e Jogo da Vida, estão vivenciando um momento de furor para o segmento. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a venda de jogos no país cresceu 9,70% em 2018, sendo o oitavo ano consecutivo de resultados positivos. O resgate da reunião de amigos e família para se aventurarem em volta de uma mesa estabelece novas relações para desenvolvedores de games e empreendedores.
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Jogos de tabuleiro reúnem fãs em BH
Além disso, o mercado de jogos analógicos é um ramo capaz de gerar oportunidades em diferentes setores. “A oportunidade de lançar um produto e observar se o seu público quer, de fato, consumi-lo, ajuda muito. O risco é bem menor, o que pode fazer com que as pessoas empreendam mais”, diz.
De olho no mercado aquecido, o empreendedor e seu sócio lançaram o jogo Action.
Para a viabilização do jogo, Pedro Raia utilizou o processo de crownfounding, plataformas que visam tirar qualquer ideia do papel sem um investimento inicial ou um único financiador. “Primeiro, é preciso colocar o produto que você deseja vender e definir a meta. Depois dessa etapa, o produto será oferecido para potenciais compradores dentro do prazo estabelecido pelo expositor.
Ele explica que, com a crescente no comércio de jogos, vender um produto já sabendo da demanda existente e minimizar os custos e um possível prejuízo ajudam qualquer negócio hoje em dia. “Imagine que você vende brigadeiros. Em um dia, vendeu 50, porém, viu que conseguiria vender 100. Então, no outro dia fez 100 e vendeu só 10. O mercado flutuou e, com isso, você ficou com vários brigadeiros parados sem venda. Sabendo a demanda do consumidor, você vende seu produto tranquilo e paga o custo de produção”, pontua
BH tem clubes especializados em jogos
Além disso, ele ressalta que os jogos de tabuleiro têm uma comunidade crescente em Belo Horizonte. Para Pedro Raia, a presença de lojas e bares temáticos potencializam o mercado.
Um desses exemplos é o Clube Nerd, localizado no Bairro Caiçara, região Noroeste da capital. Álvaro Paolinelli, proprietário do ClubeNerd, era aficionado por jogos de computador e passou a frequentar espaços como o seu estabelecimento para vivenciar o contato com outros apaixonados por jogos de tabuleiro, junto de seu irmão. “Decidimos criar o ClubeNerd, um espaço completo, mas não apenas para jogar, e sim para ter uma experiência única, proporcionando aos clientes um ambiente amigável, já que fazer amizade no ClubeNerd é ‘regra’”, lembra.
O Clube Nerd é um complexo de entretenimento voltado para os jogos de tabuleiro modernos, que contém uma loja especializada em jogos, alugoteca, restaurante e espaço para os clientes se divertirem. Entre 1.200 e 1.500 visitas por mês, o espaço, apesar de ser categorizado como nerd, segundo o proprietário, é refúgio de muitas famílias e grupos de amigos que buscam se divertir e passar momentos de nostalgia. “Estamos quebrando o tabu da palavra nerd. Temos infinitos potenciais, mas o que é realmente desafiador é tirar o mineiro da sua própria casa”, afirma. Para Palionelli, Minas é um mercado teste para muitos segmentos. “Mas está em ascensão e cada vez melhor.
Apesar do impacto dos aplicativos e smartphones, o apelo de um contato mais presencial e afetuoso entre amigos e familiares está no cerne do empreendimento. “O ClubeNerd se propõe a criar um ambiente mágico, de diversão e alegria”, frisa. Para isso, Álvaro Paolinelli conta com algumas estratégias que ajudam no engajamento e fidelização do espaço. “Temos os Membros ClubeNerd, clube de benefícios que proporciona aluguel ilimitado, descontos no restaurante e na loja, participação em eventos exclusivos para membros”, conta. Outro benefício citado por ele é o Passaporte ClubeNerd. “Nossos membros entram para um mundo de desafios e conquistas e, a cada página do passaporte que vão completando, recebem estampas(carimbos) e vários prêmios, sendo que o primeiro a completar o passaporte no período de 365 dias de quando começou ganhará uma viagem internacional”, conclui.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares