Jornal Estado de Minas

Empreendedorismo

Financiamentos on-line impulsionam mercado de jogos analógicos

De jogador a empreendedor, Pedro Raia, da Raia Studios, é referência em consultoria nesta área em Minas - Foto: Lucas Gregório/Divulgação
Saudosistas dos antigos jogos de tabuleiros, como War, Banco Imobiliário e Jogo da Vida, estão vivenciando um momento de furor para o segmento. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a venda de jogos no país cresceu 9,70% em 2018, sendo o oitavo ano consecutivo de resultados positivos. O resgate da reunião de amigos e família para se aventurarem em volta de uma mesa estabelece novas relações para desenvolvedores de games e empreendedores.

De acordo com Pedro Raia, fundador da Raia Studios e especialista em crowdfunding, o mercado de jogos está aquecido. O apelo das pessoas em buscar cada vez mais se conectar às suas raízes por meio de nostalgias é um sentimento tão presente em vários produtos. “Geralmente, as lembranças relacionadas a jogos de tabuleiro são da nossa infância, época em que não existia tanta tecnologia, então, tudo era mais simples. Hoje, vejo os jogos de tabuleiro como um escape legal da nossa era tecnológica, em que podemos voltar a ser criança, e ter as coisas mais simples, sem preocupação, nem que seja só por um tempinho”, afirma.


Além disso, o mercado de jogos analógicos é um ramo capaz de gerar oportunidades em diferentes setores. “A oportunidade de lançar um produto e observar se o seu público quer, de fato, consumi-lo, ajuda muito. O risco é bem menor, o que pode fazer com que as pessoas empreendam mais”, diz.


De olho no mercado aquecido, o empreendedor e seu sócio lançaram o jogo Action.

O primeiro jogo do Studio se baseia na ideia de que os jogadores são escalados para o casting de um grande filme de Hollywood, e todos os papéis disponíveis para interpretação são baseados em grandes vilões de filmes de terror. “Sempre gostei de jogos. Desde muito novo achava superlegal poder interagir e me divertir seja em volta de uma mesa ou da TV. Comecei a conhecer mais o mercado e acabei me jogando de cabeça, primeiro como consumidor e agora como empreendedor. Com om mercado aquecido, acabou fazendo mais sentido”, ressalta.



Para a viabilização do jogo, Pedro Raia utilizou o processo de crownfounding, plataformas que visam tirar qualquer ideia do papel sem um investimento inicial ou um único financiador. “Primeiro, é preciso colocar o produto que você deseja vender e definir a meta. Depois dessa etapa, o produto será oferecido para potenciais compradores dentro do prazo estabelecido pelo expositor.

Aí entra a sacada do negócio”, explica. Quando a campanha atinge a data limite, se a meta financeira for batida, o projeto é fundado e o mesmo sairá do papel.


Ele explica que, com a crescente no comércio de jogos, vender um produto já sabendo da demanda existente e minimizar os custos e um possível prejuízo ajudam qualquer negócio hoje em dia. “Imagine que você vende brigadeiros. Em um dia, vendeu 50, porém, viu que conseguiria vender 100. Então, no outro dia fez 100 e vendeu só 10. O mercado flutuou e, com isso, você ficou com vários brigadeiros parados sem venda. Sabendo a demanda do consumidor, você vende seu produto tranquilo e paga o custo de produção”, pontua

BH tem clubes especializados em jogos


Além disso, ele ressalta que os jogos de tabuleiro têm uma comunidade crescente em Belo Horizonte. Para Pedro Raia, a presença de lojas e bares temáticos potencializam o mercado.
Além de oferecer espaços confortáveis para receber os jogadores, contam com extensa lista de jogos disponíveis para aluguel e venda. “Atrelam a isso boa comida e ambiente legal. Então, a diversão geralmente dura bastante”, destaca.


Um desses exemplos é o Clube Nerd, localizado no Bairro Caiçara, região Noroeste da capital. Álvaro Paolinelli, proprietário do ClubeNerd, era aficionado por jogos de computador e passou a frequentar espaços como o seu estabelecimento para vivenciar o contato com outros apaixonados por jogos de tabuleiro, junto de seu irmão. “Decidimos criar o ClubeNerd, um espaço completo, mas não apenas para jogar, e sim para ter uma experiência única, proporcionando aos clientes um ambiente amigável, já que fazer amizade no ClubeNerd é ‘regra’”, lembra.


O Clube Nerd é um complexo de entretenimento voltado para os jogos de tabuleiro modernos, que contém uma loja especializada em jogos, alugoteca, restaurante e espaço para os clientes se divertirem. Entre 1.200 e 1.500 visitas por mês, o espaço, apesar de ser categorizado como nerd, segundo o proprietário, é refúgio de muitas famílias e grupos de amigos que buscam se divertir e passar momentos de nostalgia. “Estamos quebrando o tabu da palavra nerd. Temos infinitos potenciais, mas o que é realmente desafiador é tirar o mineiro da sua própria casa”, afirma. Para Palionelli, Minas é um mercado teste para muitos segmentos. “Mas está em ascensão e cada vez melhor.

Em 2018, temos informações de que o mercado de jogos on-line caiu 8% e o de jogos de tabuleiro cresceu 6%”, revela.



Apesar do impacto dos aplicativos e smartphones, o apelo de um contato mais presencial e afetuoso entre amigos e familiares está no cerne do empreendimento. “O ClubeNerd se propõe a criar um ambiente mágico, de diversão e alegria”, frisa. Para isso, Álvaro Paolinelli conta com algumas estratégias que ajudam no engajamento e fidelização do espaço. “Temos os Membros ClubeNerd, clube de benefícios que proporciona aluguel ilimitado, descontos no restaurante e na loja, participação em eventos exclusivos para membros”, conta. Outro benefício citado por ele é o Passaporte ClubeNerd. “Nossos membros entram para um mundo de desafios e conquistas e, a cada página do passaporte que vão completando, recebem estampas(carimbos) e vários prêmios, sendo que o primeiro a completar o passaporte no período de 365 dias de quando começou ganhará uma viagem internacional”, conclui.

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares

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