Jornal Estado de Minas

mercado de trabalho

Onde estamos errando?

Eliana Dutra
coach, CEO da ProFifCoach e autora do 
livro Coaching – o que você precisa saber
 
 
A série campeã de bilheteria nos anos 1980 no mundo inteiro, De volta para o futuro, acertou muita coisa que o futuro revelaria. Drones, pagamentos de táxis sem dinheiro e telas planas, entre outras, se confirmaram no século 21. Entretanto, muitas outras ainda não são viáveis, como os carros voadores, o uso do lixo como combustível (embora já haja testes) e a prioridade em pessoas por parte das organizações. Desde a época do filme, vem se batendo na mesma tecla, de que o foco deve ser nas pessoas, mas, de fato, a prioridade ainda são os resultados, os números.


 
Ao longo do tempo e até nos dias de hoje se fala muito sobre a importância do olhar mais humano por parte do líder, da diversidade e de uma cultura inclusiva. Contudo, os números não mudam e a realidade no Brasil ainda é de desequilíbrio. Lembro-me que, quando trabalhei na Mesbla, que teve sua falência decretada em 1999, ou seja, há 20 anos, essa discussão já era antiga. Isso significa que, apesar da consciência das vantagens de mudança nos estilos de liderança já existir há anos, estamos sendo incompetentes para mudar o cenário e, literalmente, identificar onde estamos errando.


Hoje, a palavra de ordem é diversidade, mas o que tratam como novidade, na realidade, representa atraso. Há anos chamamos a atenção para isso. Realizamos eventos e debates, mas pouco se avança. É necessário mudarmos de rumo, começando com uma reflexão, um mea culpa,
reconhecendo que não estamos sendo eficientes pelo menos há três décadas. Um exemplo é o índice de mulheres em cargos de direção, dos quais apenas 16% estão nas mãos delas, e o salário diferenciado, no qual as mulheres ainda ganham 76,52% do rendimento masculino. E não para por aí. A realidade dos negros nas organizações também chama a atenção. Eles ocupam apenas 10% dos cargos de chefia. O primeiro emprego ainda continua sendo um gargalo para os jovens e, mais recentemente, o público idoso, porém ainda ativo devido ao aumento da expectativa de vida, passou a ser a nova vítima de um mercado fechado à diversidade.
 
Estamos às vésperas de 2021, ano no qual o filme projetava a trama, mostrando um futuro inimaginável, mas ainda discutindo as mesmas coisas. O discurso é redundante. É preciso que comecemos a rever os estilos de liderança desde a escola primária, já que os empresários, líderes e executivos não estão dando conta dessas questões. Assim, talvez levemos as discussões para um outro patamar para redirecionar a caminhada. Como diz o velho ditado: 'não é possível conseguir novos resultados repetindo hábitos antigos'.