A falta de aterramento elétrico pode comprometer a segurança das instalações e a integridade física dos usuários em contato com a eletricidade, condição que é agravada em períodos de chuvas de verão, quando a interrupção no fornecimento de energia por parte das concessionárias é recorrente e temporais com raios bastante comuns.
Negligenciado, estima-se que metade das residências brasileiras não tenha aterramento elétrico com um dos terminais de um dispositivo ligado à terra para proteção contra descargas atmosféricas (raios) ou fugas de corrente – aquelas inerentes ao próprio funcionamento de um equipamento eletroeletrônico. O perigo da falta do sistema de aterramento está nas grandes variações de tensão, que podem provocar a queima de máquinas e equipamentos que dependam de uma fonte de energia conectada à tomada e nos acidentes com eletricidade, colocando em risco a vida do usuário.
Todo equipamento com carcaça metálica, industrial ou doméstico – a exemplo de fogões, geladeiras, computadores, fornos elétricos, micro-ondas – pode sofrer uma falha e perder a isolação. Nesse caso, a carcaça metálica, uma vez energizada, ocasiona o choque.
Nas residências, o terceiro pino da tomada é um dos elementos da instalação que deve ser ligado ao sistema de aterramento da edificação. Um condutor de proteção (fio terra) é o responsável pela ligação do terminal de aterramento até o chamado eletrodo de aterramento. Este, por sua vez, é um elemento metálico, geralmente de cobre, que fica em contato direto com o solo e serve para encaminhar a eletricidade para esse meio, garantindo, assim, a proteção das pessoas e do patrimônio.
O uso obrigatório da tomada de três pinos, em 2011, determinado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), segue a norma técnica ABNT NBR 14136 e contempla o sistema de aterramento. Infelizmente, isso não foi suficiente para que os proprietários de imóveis, especialmente mais antigos, renovassem suas instalações.
Além do fato de o aterramento não ser condição necessária para um equipamento funcionar, o desconhecimento pelos proprietários dos imóveis, e não raras vezes pelos próprios profissionais da área elétrica sobre os riscos relacionados à falta de aterramento, é um fator limitante para a adequação das edificações.
Vale lembrar que sem conexão com o sistema de aterramento, a existência do terceiro pino da tomada, e até mesmo do fio terra, é incapaz de produzir o efeito de segurança pretendido.
Para evitar queimas em decorrência de variações de tensão, que podem atingir milhares de volts dentro das instalações, um dispositivo de proteção contra surtos (DPS), capaz de detectar anomalias na tensão elétrica, deve ser ligado ao fio terra, para direcionar as elevações bruscas de tensão para o sistema de aterramento e inibir as queimas dos eletrodomésticos.
Outro dispositivo de segurança que deve ser conectado ao condutor terra, a fim de detectar e eliminar falhas de isolação, é o DR – dispositivo diferencial residual. Isso irá proteger o usuário contra choques elétricos quando em contato com partes metálicas energizadas de equipamentos elétricos.
Nesses casos, o aterramento também ajuda a proteger as pessoas e os equipamentos contra os efeitos de raios, por proporcionar um caminho de fácil escoamento para a descarga atmosférica e contribuir para o funcionamento adequado de dispositivos de segurança, como o DPS e o DR.