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Brasília não pode errar

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Nenhuma notícia poderia ser pior, no campo econômico, do que o aumento do desemprego. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a taxa de desocupação saltou de 11,6% para 12% em janeiro. O total de pessoas que estão sem trabalho atingiu 12,7 milhões, 500 mil a mais do que o observado em dezembro de 2018. Esperava-se que o ano começasse com desempenho melhor do emprego. Mas, qualquer que seja o dado analisado, o quadro é terrível. Somente a indústria fechou quase 300 mil postos no mês passado.

O desemprego maior reflete a dificuldade de reação da atividade econômica. Apostava-se que, com um novo governo tomando posse com amplo apoio popular, os empresários se sentissem mais confortáveis para ampliar seus negócios e contratar mais trabalhadores. Mas todos estão com o pé no freio.

Há o reconhecimento de que a atual equipe econômica é competente e tem um bom projeto para o país. Contudo, a desarticulação mostrada pelo Palácio do Planalto logo nas primeiras semanas indica muitas dificuldades pela frente, sobretudo para a aprovação da reforma da Previdência, fundamental para resolver problemas estruturais do Brasil.

Em meio à falta de oportunidades no mercado formal de trabalho, o número de pessoas que trabalham por conta própria bateu recorde: 23,9 milhões. Também aumentou o grupo de brasileiros subempregados, que não ganham o suficiente para bancar despesas básicas e trabalham menos do que gostariam, e o grupo de desalentados, que desistiram de procurar uma oportunidade por não ver qualquer perspectiva de sucesso. O dado mais assustador, dizem os especialistas, é que esse quadro não se reverterá tão cedo. A economia continuará fraca pelo menos até meados de 2020.

Na melhor das hipóteses, o Brasil criará entre 1 milhão e 1,3 milhão de empregos em 2019. Isso, é claro, se o governo conseguir aprovar a reforma da Previdência. A cada semana, um número maior de instituições reduz as previsões de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
O resultado oficial do ano passado sairá hoje, e a perspectiva é de que o avanço tenha ficado entre 0,9% e 1,2%. Com esse resultado e as tímidas projeções para 2019 e 2020, esta década terá o pior resultado médio para o PIB de toda a história, inferior a 1%.

Diante desse quadro desanimador, o governo precisa dar mostras concretas de que realmente está empenhado em tirar o país do atoleiro. Será preciso consistência no discurso, não promessas populistas, sem bases técnicas. O projeto de reforma do regime previdenciário encaminhado ao Congresso é substancial. Mas não pode o presidente da República vir a público e dizer que deputados e senadores podem mudar o que quiserem.

Sim, o Legislativo tem essa prerrogativa, mas o chefe do Executivo não deve jogar a toalha logo na largada. Ele tem que ser incisivo e mostrar que toda proposta derrubada pelos parlamentares terá um custo enorme para o Brasil. Os agentes econômicos estão ansiosos por boas notícias. Os trabalhadores estão implorando por vagas de qualidade.
O Brasil precisa voltar a crescer com força. Porém, mantido o atual cenário, o resultado será só frustração. Brasília não pode errar de novo.
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