O desespero dos derrotados, nas últimas eleições, por Jair Bolsonaro e seus apoiadores está beirando, ou já entrou todo, no clima do ridículo. Tudo o que o presidente e seus ministros falam ou decidem é alvo de críticas, de contestações, de desfigurações as mais estapafúrdias, as mais idiotas, as mais imbecis. Como as que o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi obrigado a responder, no mesmo tom, quando fazia sua exposição sobre a reforma da Previdência, na CCJ da Câmara. Os detratores desonestos foram obrigados a ouvir humilhados e calados.
Lamentavelmente, os jornais, por seus editores desinformados ou mal intencionados, dão destaque indevido ao que os inconformados desonestos dizem em entrevistas ou afirmam em notas distribuídas exatamente para ganharem repercussão. Em lugar de um registro no noticiário, como seria correto jornalisticamente, transformam a baboseira, a babaquice, a canalhice em manchetes de página, quando não da capa principal. A imprensa austera, comedida, independente e neutra do passado morreu mesmo. Ninguém se dispõe a salvá-la, a botar para correr os que deturpam a verdade e sua nobre missão de informar e de opinar de forma isenta e democrática, ou seja, acolhendo, com o mesmo destaque e equilíbrio, as teses controversas?
Bolsonaro, ainda visivelmente enfraquecido fisicamente, em decorrência da tentativa de morte que sofreu durante a campanha, cumpre com sacrifício evidente os programas que elaborou para sua administração e os compromissos internacionais que assumiu. Passou alguns dias em Israel.
O chavão é correto: ninguém é perfeito. Errar faz parte da precária condição humana. Como ser humano imperfeito, perfeição só a divina, o presidente, qualquer presidente, qualquer governante, qualquer ser vivo pode cometer algum ato falho. Mas peneirar os acertos e mencionar apenas possíveis enganos, quase todos sem maiores consequências, como fazem alguns, ou muitos, constitui desonestidade intelectual imperdoável. Enfim, o jeito é esperar que o ciclo odiento, nojento e diria criminoso passe.
31 março
Uma senhora dita juíza de direito, de Brasília, naufragou na doutrina e na interpretação de artigos e parágrafos da legislação em vigor ao proibir qualquer referência ao movimento militar de 31 de março de 1964, chamado de "golpe" pelos que foram afastados do poder exatamente por constituírem ameaça ao regime democrático. Sem dúvida, o melhor dos regimes. Onde será que essa senhora estudou direito? Seria naquela universidade que foi obrigada pelo MEC a cancelar milhares de diplomas de cursos superiores? É o que parece. Sua decisão no fim da tarde de sexta-feira, dia 29, foi recebida com espanto e descrença pelos que cultuam as ciências jurídicas. Seria uma fake news, perguntavam.
Desamparada de qualquer apoio legal e constitucional, a decisão assustou, mas não durou muito. No mesmo dia, uma desembargadora cancelou a proibição inconcebível. Como impedir o presidente da República de fazer o seu pronunciamento sobre a data histórica, gostem ou não do que ela significou, aquele dia faz parte destacada de um período de nossa formação democrática. Como invadir com um trambique fajuto o espaço independente de outro poder? Como uma juíza de araque poderia determinar a quem quer que seja, especialmente aos comandantes militares, o que podem ou não escrever e falar? O ridículo, lamentável para o bom conceito do Judiciário, ficou nisso.
Vale degola?
Li, ou ouvi, algo espantoso sobre o já tão espantoso Supremo Tribunal Federal. Seria mais uma fake news? Os ministros daquela corte dita suprema teriam liberado o sacrifício de animais, no Rio Grande do Sul, em ritos supostamente religiosos de seitas africanas. Autoridades gaúchas, atendendo a pedido de entidades de proteção dos animais, teriam proibido a realização dos ritos selvagens, e põe selvagens nisso. As seitas recorreram à Justiça. Perderam. Apelaram para o STF. Que, por unanimidade, foi o que li ou ouvi, deu provimento ao apelo insensato, liberando o sacrifício. Argumento vencedor: a Constituição assegura ampla e total liberdade de culto religioso.
A decisão ganhou um adendo pitoresco no STF: os responsáveis pelo rito macabro evitavam causar maiores sofrimentos aos cachorrinhos, gatos, coelhos etc., matando-os por meio de degola, isto é, cortando o pescoço dos bichinhos com um golpe rápido de lâmina bem afiada... Outro defensor do rito africano alegou que ninguém protesta, só os veganos, contra os frigoríficos que matam e vendem carne de frango, porco e boi. É verdade, triste, mas o morticínio é justificado pela necessidade alimentar da população.
Alguém já disse que do atual Supremo tudo se pode esperar, como encomendar à esquerdista OAB nacional uma ridícula manifestação de apoio aos ministros, e até autorizar degola de animais. Permito-me, respeitosamente, com o data venia que aprendi na vetusta escola e na lide judiciária, uma pergunta: os que usaram a desculpa da lâmina afiada aceitariam fosse ela passada no pescoço próprio ou de alguém da família?.