Mesmo com as seguidas projeções de queda do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano – muitos economistas consideram 2019 um ano sem salvação –, o país dá mostras de que nem tudo está perdido, quando se olha para o universo dos microempreendedores individuais (MEIs), que teve um crescimento expressivo nos últimos tempos. Cansados de esperar uma vaga no mercado formal de trabalho – hoje são mais de 13 milhões de desempregados no Brasil –, milhares de brasileiros optam em abrir o próprio negócio e tocar a vida, deixando de engrossar a fila dos que buscam uma colocação no mercado de trabalho.
Os números mostram, com clareza, o avanço das microempresas em todo o território nacional. Recentemente, o governo federal divulgou, através do Portal do Empreendedor, divulgou dados que revelam que o contingente de microempreendedores individuais ultrapassou, neste ano, a marca dos 8 milhões, fechando março com 8.154.678 cadastros. O que pode ser considerada uma façanha, em meio às turbulências econômicas da atualidade, que desestimula a abertura de novos negócios, justamente pela incerteza que gera na economia.
A evolução positiva do setor pode ser medida pelo crescimento de 120% de MEIs no país, nos últimos cinco anos. Somente no primeiro trimestre de 2019, o Brasil ganhou mais de 370 mil microempreendedores individuais. Os especialistas lembram que é natural uma pessoa qualificada e sem conseguir a recolocação no mercado de trabalho partir para a abertura de uma empresa. Esse é um lado positivo da economia, que não consegue se reerguer desde a recessão de dois anos (2015 e 2016) que assolou o país.
Estudos mostram que os MEIs faturam, atualmente, de 10 a 15% do PIB, o que significa algo em torno de R$ 500 bilhões por ano. O economista Bassi Rambelli, do Sebrae, lembra que as cifras não são exatas porque a informalidade dos microempreendedores impede um levantamento mais preciso sobre a movimentação financeira do setor. E porque são autônomos não registrados nas entidades representativas dos trabalhadores formais.
A expectativa é de que a tendência de abertura de novos microempreendimentos ganhe força este ano, tomando como base as estatísticas de outros períodos. Certo é que, em tempos de crise, o emprego formal é um dos primeiros a entrar no turbilhão e um dos últimos a sair, o que explica as projeções de aumento dos MEIs. E mesmo que a economia se recupere rapidamente, o que é questionável, os microempreendedores que se firmaram não devem voltar a ser empregados.
Apesar do forte crescimento do microempreendimento, o Brasil continua sendo um local difícil para a abertura de novos negócios. As barreiras burocráticas são intransponíveis e a carga tributária sufocante, o que demonstra a premente necessidade de se fazer a reforma tributária ainda este ano. Não se conseguirá alcançar desenvolvimento sustentável se o país não remover os obstáculos que espantam os possíveis empreendedores.
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