Fábio P. Doyle
Da Academia Mineira de Letras
Jornalista
Em uma semana curta, notas e comentários curtos também. Afinal, com tantos feriados, adotamos, no Brasil, o conceito de quanto menos trabalho mais pobreza? E imprudentemente, quase todos comemoram: oba, mais um dia de folga, mais um fim de semana sem fazer nada!
Vamos às curtas metragens, digo, mensagens.
Os hospitais públicos, os que atendem os menos ricos, digamos assim, continuam com suas enormes filas de espera, com corredores tomados por multidão de enfermos em busca de tratamento. Crianças, idosos, deficientes sofrendo as dores físicas e o desespero, deles e das famílias que os levam para ser socorridos, de não serem atendidos, ou atendidos quatro, cinco, seis horas depois de chegar. Faltam médicos, faltam enfermeiras, faltam ambulatórios, já que quartos e apartamentos que os acolham seria exigir demais, dizem os (ir)responsáveis pela situação caótica.
Por que os grandes hospitais, que tanto faturam, não se unem e criam curso de enfermagem que prepare e forme, com a competência necessária, o pessoal, a mão de obra hoje tão em falta? Uma vez, ouvimos de um médico amigo a advertência: "Só interne seus filhos (eram crianças), em hospitais, em caso de extrema gravidade". Rachel perguntou: "Por quê?". Ele explicou que, por falta de formação profissional, as enfermeiras "são domésticas com jalecos".
A desculpa dos governantes: faltam recursos. O que fazer, então, senhores dos três poderes que Montesquieu inventou? Eles não abrem mão das vantagens que inventaram, aprovaram, dos gordíssimos salários, penduricalhos milionários, moralmente condenáveis, incluídos em seus contracheques. Enquanto isso, faltam verbas para a saúde, para pagar salários dignos aos médicos, enfermeiros, para comprar medicamentos, para acabar com as filas, construir novos ambulatórios. O povão paga a conta, e sofre!
Na segurança, a mesma desculpa: falta verba para pessoal e para presídios. A violência torna-se, via impunidade, cada vez mais assustadora. Bandidos assaltam, matam, e desaparecem misteriosamente. "Ninguém foi preso" é a frase que ouvimos no final de um relato policial televisivo. Um incentivo para que mais bandidos e bandidagens surjam todos os dias.
A verba, que tanta falta faz, foi torrada (R$ 28 milhões) por Dilma e Pimentel em um Memorial da Anistia (?!?!) em BH. Queriam, para terminá-la, mais R$ 8 milhões! A ministra Damares Alves, de Direitos Humanos, veio ver e se espantou com o absurdo. O memorial não será concluído. Muito bem, ministra.
Mais violência: mulher afoga, mata criança de seis anos e joga o corpo pela janela. Presa no ato, confessa que agiu para se vingar da mãe da criancinha, uma vizinha que a teria denunciado ao Conselho Tutelar. Está presa, até ser solta por excesso de prazo ou qualquer coisa parecida, por decisão de um juiz insensível, despreparado. Em um país civilizado, onde a Justiça funcione, onde as leis são rigorosas e obedecidas, a assassina covarde iria cumprir prisão perpétua, ou condenada à morte.
Nosso Judiciário, o STF comprova, é lento, ignora os preceitos mínimos necessários à segurança e à manutenção da ordem, é benevolente com os que cometem crimes, em especial os chamados do colarinho branco. Lentidão que só não acontece quando na capa do processo aparece o nome de Luiz Inácio Lula da Silva, como recorrente. Não é ministros Toffoli, Gilmar, Lewandowiski e Alexandre de Morais? Enfim, todos os ministros, sem exceção, pois participam, logo aprovam, o privilégio revoltante. Para Lula, tudo é possível, sessões extras são convocadas e realizadas, recursos são pautados rapidamente, na tentativa insistente, irritante de libertá-lo da "prisão" em Curitiba. Prisão entre aspas, pois ele ocupa uma suíte, com banheiro, TV, computador etc. etc., em uma repartição policial federal daquela cidade. Um conforto, só para ele. Ó justiça injusta!
A Polícia Federal continua a investigar irregularidades milionárias que teriam sido praticadas quando Fernando Pimentel era ministro do governo de Dilma Rousseff, e depois governador de Minas. Apurar é preciso, e se comprovadas as falcatruas, punir com todo o rigor da lei. Afinal, ele deixou Minas Gerais em situação falimentar. Impunidade, senhores magistrados, nunca mais.
Pequenos prédios construídos sem técnica, sem aprovação do município, continuam a desabar e a matar inocentes. Aconteceu mais um dia 12 passado, no Rio de Janeiro. Por que os fiscais municipais não fiscalizam, punindo com a demolição os que usam a clandestinidade dos puxadinhos para ganhar dinheiro fácil?
E não apenas lá, mas aqui, na nossa BH também. Basta dar uma passada na Raja Gabaglia, perto de áreas faveladas. Ou naquela rua imunda, coberta de lixo amontoado em lotes vagos, entre a Avenida Amazonas e o Parque da Colina. Até escadarias precárias invadem as calçadas.
A nova Previdência só será realidade no fim do ano, ou no princípio de 2020. A demora ultrapassou a previsão dos mais pessimistas. Entregue em fevereiro, por Bolsonaro, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia prometeu encaminhá-la ao Senado em três meses. Só agora, seis meses depois, ela chegou lá. Aprovada, afinal, com aplausos indevidos pela "rapidez" da tramitação, começa a engatinhar no mesmo ritmo lento no Senado. Quem viver, verá.
Há alguns meses, critiquei, a quantidade excessiva, mais de 80, de diretores, superintendentes e gerentes da Cemig, todos regiamente remunerados, com gabinetes luxuosos, carros, motoristas, assessores, secretárias à vontade. Além de verbas para viagens, alimentação, saúde etc.. Procurei alertar o então novo presidente, Cledorvino Belini, um bom administrador, sobre os excessos que engoliam todos os recursos da antigamente poderosa e saudável empresa. Estou lendo no EM que muitos cortes já foram feitos naquele batalhão de comandantes. Ainda bem.
Bem, curtos tópicos para uma curta semana.
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