Maria Carolina Cristianini
Editora do jornal Joca
Às vésperas de completarmos a segunda década do século 21, a importância da representatividade se faz cada vez mais presente. Queremos nos identificar com o que assistimos, lemos e consumimos diariamente. Mora neste momento de identificação o instante em que determinado discurso, embutido em uma leitura ou vídeo, por exemplo, conversa com a gente.
Agora, imagine ser criança e não se enxergar, totalmente, como parte da sociedade por não se reconhecer como um agente participante da leitura frequente de notícias. Afinal, de que forma podemos compreender o que se passa no mundo, e nos entender cidadãos deste planeta, se não nos informamos? Ao não oferecer às crianças a oportunidade de ler notícias, colocamos esses jovens cidadãos em uma forma de alienação involuntária.
Mas de que maneira uma criança pode desenvolver o gosto pelo consumo de jornalismo, se ela nem sequer se vê representada nos veículos de comunicação? Se queremos jovens bem- informados e conscientes de assuntos de importância nacional e mundial, precisamos que eles se sintam acolhidos no ambiente jornalístico a ponto de pensar: "Notícias também são para mim".
Entra, aí, o papel fundamental do jornalismo infantojuvenil, muito difundido na Europa e nos Estados Unidos, e que dá seus primeiros passos firmes no Brasil há alguns anos. Notícias escritas com a mesma responsabilidade e apuração de qualidade que a praticada no jornalismo "para adultos", em linguagem adequada e temas relevantes à faixa etária de crianças e jovens, fazem toda a diferença para que o leitor seja atraído pelo hábito de se informar.
O jornalismo infantojuvenil fica ainda mais interessante quando traz seu público para o centro da informação. Além de buscar por fatos com aderência ao universo desse leitor, procurando retratar histórias de outras crianças e jovens capazes de transformar visões (caso da ativista ambiental sueca Greta Thunberg), é importante que ele se veja representado no veículo de comunicação que acompanha.
Ao ter sua opinião valorizada ou sua sugestão ouvida, a criança e o jovem compreendem: "Notícias são, sim, para mim; faço parte deste mundo e tenho direito à informação". É assim que, em alguns anos, teremos cidadãos melhor preparados para lidar com a avalanche de informação, que chega por todos os lados, e conscientes de seu papel ativo na sociedade.