Marcelo de Souza e Silva
Empresário, administrador de empresas e
presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte
Há um ano, os preparativos para as festas de Natal carregavam o ambiente de pessimismo. Pelo quarto ano seguido, os indicadores de venda do comércio, os dados de crescimento econômico e de consumo das famílias eram todos negativos. A expectativa das mudanças de governos trazia uma mistura de esperança e incerteza.
Passado um ano, ainda não é possível dizer que a crise está superada. O desemprego permanece alto e a retomada do crescimento é lenta. O clima, porém, já é outro em relação ao ano passado. Mas o otimismo volta a dar as caras. A economia, mesmo que de forma lenta, dá sinais de que começa a sair do vermelho e de que pode entrar em nova fase positiva.
O setor de comércio e de serviços, o que mais emprega e movimenta a economia de Minas Gerais, respondendo por 70% dos empregos e 65% do PIB, conta com três fatores que podem ajudar a dar um estímulo nas vendas neste fim de ano. São eles os juros em baixa, a inflação controlada e o aumento na concessão de crédito.
Pela primeira vez, em anos, percebo que as expectativas para as vendas de fim de ano são po- sitivas. Há a previsão de criação de 366 mil vagas de emprego temporário em todo país – o maior número em cinco anos.
As taxas de juros estão no menor patamar da história e a Selic (índice de referência da economia) deve fechar o ano entre 4,75% e 5%. A inflação sob controle é outro ponto positivo para que os consumidores voltem às lojas com mais confiança.
Outro fator que pode alavancar as vendas neste fim de ano é o aumento no crédito. Segundo o Banco Central, a concessão de crédito para pessoas físicas aumentou 14,3% no ano em relação a 2018.
Esses fatores estruturais positivos, aliados a medidas pontuais como a liberação do saque do FGTS e o pagamento do 13º salário, podem começar a ter efeito na Black Friday, sempre na última sexta-feira de novembro, e chegar ao ápice no Natal, que deve ser o melhor desde 2014. Se esse cenário positivo se confirmar, pode ter como efeito a diminuição do desemprego, que é o principal problema para as famílias.
Pesquisa encomendada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) ao Instituto Quaest aponta aumento na proporção de consumidores que acreditam que a situação financeira vai melhorar. A pesquisa também mostra a retomada na disposição de consumir e presentear nas festas de fim de ano. Segundo o levantamento, 65% dos belo-horizontinos querem comprar e 48% planejam gastar mais de R$ 300.
Para que a recuperação da economia entre em círculo virtuoso, é necessário que o governo fe- deral continue a implementar as reformas. Depois da Previdência e da Lei da Liberdade Econômica, é urgente a aprovação das reformas tributária e administrativa, além de medidas que simplifiquem a atividade econômica, facilitem a vida do empreendedor e, consequentemente, a geração de empregos.
Em Minas Gerais, o governo de Romeu Zema também tem feito a sua parte, com medidas de recuperação fiscal, de redução de gastos públicos e de simplificação econômica que já começaram a dar resultado – o estado é o segundo que mais criou empregos no Brasil neste ano. Além disso, o governador está regularizando o pagamento do salário dos servidores, inclusive com o 13º sendo honrado no próprio ano fiscal, o que não acontecia havia quatro anos.
O comércio é fundamental para a retomada da economia do Brasil. Que o Natal e o ano novo marquem essa recuperação, com mais espe- rança, alegria, emprego e renda nos lares dos mineiros e de todos os brasileiros.