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O erro da campanha da abstinência sexual

Não será uma campanha de publicidade que evitará a gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis


postado em 08/02/2020 04:00 / atualizado em 07/02/2020 20:44


Leonardo Torres
Professor, palestrante, doutorando em comunicação
 e pós-graduando em psicologia junguiana

Uma discussão acalorada ganhou o Brasil recentemente: a campanha de abstinência sexual promovida pela ministra Damares, prevista para acontecer alguns dias antes do carnaval. Sua intenção, se não tivesse viés religioso e ideológico, até se justificaria: proteger jovens de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. Afinal, são questões sociais muito urgentes no Brasil. Contudo, o método escolhido é equivocado e retrógrado.

Na história da humanidade, está mais que provado e comprovado que a negação de qualquer coisa pode resultar em incentivo. Por exemplo: em conventos da Idade Média, momento em que a castidade era altamente obrigatória, aconteciam os mais variados surtos psicóticos e coletivos: freiras miavam para a Lua, encenavam ato sexual para terceiros, entre outras coisas.

Mas não precisamos ir tão longe: basta lembrar os considerados ‘líderes espirituais e curadores’ da nossa atualidade, que, por vezes, escondem casos de abusos morais, sexuais etc. Apesar de alguns considerarem esses casos mais radicais, vale lembrar da teimosia das crianças. Tente dizer ‘não faça isso’ para uma criança de 2 a 4 anos, e ela fará exatamente o contrário. No fim, quanto mais se nega, mais o que foi negado cresce.

Com a campanha de abstinência sexual, acredito, não será diferente. Sem entrar no evidente viés ideológico da campanha, faz-se importante entender: primeiro, a necessidade de sexo é natural. Biologicamente, é uma demanda de parte do nosso o cérebro, o límbico, responsável pelas emoções, comportamentos sociais e aquela necessidade de se sentir saciado, seja pelo sexo e/ou pela comida. Segundo, o ser humano não necessita de proibições, mas de informação. Não será uma campanha de publicidade que evitará a gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis, mas, sim, uma campanha social e educacional ampla, de casa em casa, de escola em escola, para formar a mentalidade e o comportamento da população. Ela deve levar informações sobre cuidados com o próprio corpo (afinal, corpo não é objeto); sobre as consequências de uma gravidez precoce; de doenças sexualmente transmissíveis; e de contraceptivos. Campanha com este nível de detalhamento já é feita, por exemplo, na Finlândia e, tudo indica, os resultados têm sido favoráveis.

De acordo com a psicologia analítica, o ser humano não precisa de proibições, mas de informações que ampliem a consciência do indivíduo, do grupo, do bairro e da sociedade como um todo. Somente com a consciência de nossos atos é que seremos capazes de tomar decisões benéficas em prol de todos. Enquanto isso, vale lembrarmos o que C. G. Jung afirma: “Até nos tornarmos conscientes de nossos atos, o inconsciente irá dirigir nossas vidas e, no fim, chamaremos isso de destino”.



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