Ficar em casa. Essa é a orientação que deve ser seguida por todos os brasileiros que podem permanecer em seus lares em função da natureza do seu trabalho. O apelo da comunidade médica e científica, e da própria Organização Mundial da Saúde (OMS), deve ser entendido e atendido pela população, para que seja estancado o avanço da epidemia do novo coronavírus. Muitos ainda contrariam essa orientação, a exemplo do presidente Jair Bolsonaro, mas segui-la significa, nesse momento, total comprometimento com a batalha contra a proliferação da doença COVID-19, que já matou milhares de pessoas mundo afora.
É compreensível a enorme preocupação com os devastadores reflexos que a pandemia vai provocar na economia, mas agora é hora de prevalecer o bom senso e de se usarem todos os meios disponíveis para minimizar os estragos que estão por vir. O governo tem os meios de socorrer empresas e trabalhadores que já estão perdendo faturamento e renda com o recolhimento das pessoas através do isolamento social. Tem de deixar de lado a busca pelo equilíbrio fiscal, meta perseguida, incansavelmente, nos últimos anos – primeiro na administração de Michel Temer, com a reforma trabalhista, seguida da reforma da Previdência no atual governo.
O controle do déficit público, um dos maiores empecilhos ao crescimento econômico sustentável, deve ser protelado e equacionado quando passar a crise atual. É obrigação proteger empregados e empregadores com mecanismos que garantam empregos e impeçam o fechamento das empresas, sobretudo as pequenas e médias. Assim como liberar recursos para socorrer os milhões de brasileiros que ganham a vida trabalhando sem vínculo empregatício formal, os desprotegidos autônomos. Há de se encontrar meios eficazes para não deixar essa gente sem ajuda.
Estados e municípios também devem ser socorridos. A suspensão do pagamento das dívidas dos estados por seis meses, já anunciada pelo Ministério da Economia, pode ser prorrogada por mais seis meses, conforme solicitado pelos 26 governadores. Em tempos de guerra e pandemias, como o atual, deve-se gastar o que for necessário para salvar vidas e a economia. O governo tem de mostrar agilidade e não pode ficar esperando o que vai acontecer. Aguardar o tamanho do choque que o país sofrerá com o confinamento das pessoas e a consequente paralisia da economia.
A questão que se coloca não é se deve haver ou não quarentena ou isolamento social, mas quando essas medidas restritivas devem ser suspensas para que os agentes econômicos voltem a funcionar normalmente. Espera-se que sejam revogadas o mais rapidamente possível, mas que isso aconteça dentro de um planejamento bem-elaborado, que não afete a saúde da população. O que só será factível se houver diálogo entre as autoridades federais e estaduais. As medidas restritivas estão funcionando em todo o Brasil e desavenças entre os entes federados só atrapalham e atrasam o que tem de ser feito, e com a máxima urgência. Só com união sairemos bem desta crise.