(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ARTIGO

Lixões a céu aberto

Há que se ter, obrigatoriamente, espaço na agenda pública dos nossos governantes para a discussão acerca da gestão dos resíduos sólidos


postado em 11/05/2020 04:00

Yuri Santos
 Diretor de operações da Direção Máquinas e Equipamentos (Demaq)

 

(foto: Lelis)
(foto: Lelis)

 

mundo que a gente conhece não existe mais. Isso é fato. Aliás, nós e nem o mundo já não somos os mesmos desde que o inimigo invisível tomou conta do nosso planeta, o novo coronavírus. Sem aviso prévio, a pandemia, para muito além da tragédia humana e o anunciar de um mercado global em recessão econômica, trouxe muitas questões a serem enfrentadas – e ainda desconhecidas. E uma chamada de consciência de que, infelizmente, não aprendemos a lição após ter passado por episódios extremamente danosos para a humanidade, como a gripe espanhola e a Sars-CoV.


Tal qual, o alto poder de propagação da COVID-19 assume contornos tão graves e inimagináveis e nos coloca de frente com a mesma urgência de lucidez para vencer essa guerra, e com jus a mea-culpa sobre as ações devastadoras do homem sobre a natureza anos a fio. No entanto, agora esse é um caminho sem volta, não dá para pensar em preservação de vidas sem lançar mão de uma visão mais abrangente, criteriosa e cuidadosa sobre tudo o que diz respeito ao meio ambiente.


E nesse ponto, preocupa-nos tanto quanto e reacende a polêmica sobre a não implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em todo o país. Prestes a completar 10 anos – a lei determina o fechamento de todos os lixões e a destinação de rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado) –, quase nada se avançou no que se refere à erradicação dos lixões Brasil afora. Vale ressaltar que 60% das cidades brasileiras ainda mantêm os chamados lixões a céu aberto, o que corresponde a 3.353 municípios, causando graves danos ambientais e à saúde da população.


Em meio à desordem por conta do novo coronavírus há que se ter, obrigatoriamente, espaço na agenda pública dos nossos governantes para a discussão acerca da gestão dos resíduos sólidos. Ficar como está é que não pode mais ser tolerado. Afinal, não restam dúvidas de que estamos colhendo o que de pior o homem fez e tem feito para a natureza – evidenciando, claramente, a relação de que novo coronavírus e crise ambiental, na sua forma mais cruel, se trata de duas pandemias.


A despeito das soluções para a destinação e tratamento ambientalmente corretos ao lixo, em todas as suas classificações, a primeira, claro, passa por uma premissa básica: pela disposição de investimentos massivos, de forma planejada e responsável em alternativas sustentáveis e com    ganhos substanciais para a saúde, a economia e o meio ambiente, com todas as complexidades que lhe são afetas.


Mas você deve estar se perguntando: o que tem a ver gestão de resíduos sólidos e coronavírus?. Numa visão simplista, talvez nada. Mas será mesmo? Sob a ótica da saúde pública, além do aparecimento de várias doenças, como dengue, febre amarela, zika e chikungunya, parasitoses e tantas outras, aliadas à estrutura deficitária e escassez de recursos do Sistema Único de Saúde, o SUS, os elevados custos sociais e econômicos nos gastos públicos do município, estado e União – colapso na saúde pública, portanto, não parece ser algo pontual. E não se engane, tudo isso é resultado da persistente e ignorada degradação ambiental, mas que por ora ‘ressurge’ à luz do novo coronavírus.


Com tudo isso, se ainda não aprendemos mais essa lição, o momento é bastante oportuno se as autoridades competentes se vestirem da mesma vontade política e disposição, assim como vêm fazendo para enfrentar a COVID-19, para acabar de vez com uma de suas maiores chagas, os aterros e lixões, para onde são destinados mais de 80 mil toneladas de resíduos por dia e com elevado potencial de poluição ambiental e consequências graves à saúde da população, em particular de milhões de brasileiros que têm, nas montanhas de lixo e com tudo o que há de mais degradante para a própria dignidade humana, o sustento de suas famílias.


O caminho nos parece claro, o mundo vem nos dando sinais contundentes para quebras de paradigmas e posturas inteligentes para uma relação harmoniosa e compatível entre economia e meio ambiente. O recado está dado; cabe a cada um de nós fazer o dever de casa. Caso contrário, nosso próximo inimigo invisível pode estar mais próximo do que imaginamos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)