Clarissa de Pinho Matos
Fisioterapeuta intensivista e coordenadora assistencial da equipe de fisioterapia do Hospital Vila da Serra
Em tempo de pandemia do novo coronavírus, torna-se da maior importância o tratamento de pacientes hospitalizados com a doença. A fisioterapia respiratória é uma subespecialidade da fisioterapia e tem entre os seus objetivos melhorar a capacidade funcional geral do paciente e restaurar sua independência respiratória e física, diminuindo o risco de complicações associadas à permanência no leito, entre outras. Ou seja, atua diretamente na reabilitação de pacientes críticos, gerando melhora das desordens respiratórias, cardiovasculares e musculares. Nas unidades de terapia intensiva (UTIs), esse profissional integra uma equipe multidisciplinar e, principalmente, no momento atual, é da maior importância.
É bom destacarmos que a atenção para os sintomas da COVID-19 deve ser redobrada, pois pode se confundi-los com os de uma gripe comum. Eles são muito parecidos, como tosse, febre, garganta arranhando e perda do olfato. Alguns pacientes relatam até sintomas gastrointestinais. Porém, o que leva uma pessoa ao hospital é o agravamento desses sintomas ou o aparecimento de falta de ar.
Ao dar entrada em uma instituição hospitalar, o paciente com suspeita de COVID-19 é avaliado pela equipe médica. Caso tenha apenas sintomas leves, não apresente falta de ar e tenha boa oxigenação, é encaminhado para tratamento em casa, devendo, contudo, permanecer em isolamento. Caso contrário, é encaminhado para a UTI, onde é tratado por uma equipe multidisciplinar, formada por vários profissionais, inclusive pelo fisioterapeuta respiratório, que o acompanhará por todo o tratamento.
É importante explicarmos que cerca de 10% a 15% dos pacientes de COVID-19 evoluem para a falta de ar e queda da oxigenação. Se a taxa de saturação estiver menor que 94%, ele deverá receber oxigenação, podendo até mesmo ser entubado, sedado e colocado em ventilação mecânica.
Sobre a recuperação do paciente, ressaltamos que ela está sujeita a uma tomada rápida de decisão da equipe, como entubar precocemente e ministrar a medicação adequada também o mais rápido possível. Do ponto de vista respiratório, quanto mais preparada a equipe de fisioterapia para as estratégias ventilatórias e um acompanhamento da parte muscular para que não haja perda da funcionalidade, mais rápida será a recuperação do paciente e melhores serão as condições de alta.
Pacientes com COVID-19, que ficam em estado crítico, têm sua alta em média com 20 dias, se não houver outras morbidades que atrasem ou dificultem a recuperação.