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A educação num Brasil de um só povo


09/08/2020 04:00

Eudásio Cavalcante Melo
Graduado em filosofia, pós-graduado em história, 
psicopedagogia, gestão educacional, mídias na educação 
e mestrando em educação tecnológica pelo CEFET - MG
 
A educação deve ser o epicentro de qualquer governo que preza pelo futuro do seu povo. Quando se fala em educação, nos referimos à forma mais humana para entender a si na relação com o outro. A educação, ao longo da história, se torna instrumento vital para garantir até mesmo a convivência pacífica diante da diversidade na forma de pensar o mundo. Para além disso, investir em educação significa dar garantias e igualdades de oportunidade a todos.
Na história das civilizações, a educação, como limite entre o estado de natureza e o estado social, como afirmava Thomas Hobbes, torna a convivência possível. Nessa perspectiva, o outro é visto não mais como um inimigo, mas como referência para a realização dos meus desejos e possibilidade do meu crescimento a partir das diversas relações socialmente instituídas. Aqui compreendidos nossos limites e parâmetros de convivência mais respeitosa e edificante.
A educação, dessa forma, é o único elemento cultural comum a todas as culturas. Tudo passa pela educação. É por meio dela que as civilizações manifestam seu potencial cultural. Dentro da história da educação, encontramos dados importantes que fortalecem em nós a ideia de que a evolução cultural de qualquer sociedade é garantida pelo valor que se dá à educação. O grau de consciência de um povo será sempre resultado do conhecimento gerado, tendo as instituições educacionais como mediadoras e incentivadoras.
Sem conhecimento nos tornamos apequenados diante dos grandes desafios da vida. Devemos resistir a qualquer ideologia que nos negue o direito ao conhecimento. Este é o alimento que faz com que nos sintamos iguais neste mundo tão desigual, com ideologias vazias e corrompidas pelo desejo de poder, que pouco valor dá à coletividade como força motora, à construção de uma mentalidade calcada em valores compartilhados democraticamente.
 
O poder sem democracia jamais oferecerá espaço para que possamos sonhar com uma nação que defenda a liberdade como elemento essencial. Negada a participação do povo, nega-se o que há de mais vital na vida da sociedade, o direito à cidadania. A educação, nesse sentido, é um marco gerador de consciências vivas, que promovem o resgate da sua própria história e se percebam dentro dela. A educação é um dos caminhos para produzir história de forma coletiva, valorizando e respeitando as individualidades, enxergando o outro, reconhecendo direitos.
 
Vivemos num país com dimensões continentais, mas governados por uma mentalidade política inversamente proporcional a essa grandeza, ao ignorar políticas públicas necessárias para enfrentar demandas mundiais emergentes. A pandemia do novo coronavírus que a humanidade enfrenta é apenas um recado de que só sairemos vencedores nesta batalha se fizermos investimentos de forma inteligente em áreas essenciais à vida. E a educação é uma dessas áreas. Ela nos mostrará o caminho certo a seguir, incluindo a capacidade de enxergar os desvios de condutas políticas dos nossos representantes.
 
A mentalidade política, em lugar da competição cega, deve nos juntar ao outro na luta por um mundo menos excludente, na construção de um Brasil em que a educação chegue a todos, sem restrições.
Somente o conhecimento nos torna fortes diante de um tempo que exige qualificação específica para o mundo do trabalho, um fator de sobrevivência. Temos de estar preparados para essas novas demandas. A tecnologia é o novo valor, a nova referência. O humano deve se adequar, dominar essas novas ferramentas. Se a tecnologia é a máquina que movimenta o mundo rumo a uma nova ideia de progresso, cabe ressaltar que a ela nem todos têm acesso ou mesmo sabem como alcançar tal progresso.
 
Chegar a esse progresso por meio da educação é uma missão que desafia todos os países. Até como forma de reduzir uma desigualdade abissal e preocupante, resultado da forma como as políticas públicas são conduzidas. Estas, na verdade, deveriam abarcar interesses coletivos, respeitados princípios éticos e morais. É necessário mudar nossa concepção de política, sobretudo fazê-la atender a diferentes setores da sociedade, e não ao interesse particular. E a educação deve ser este instrumento de conscientização. O Brasil por uma educação pela vida, pela esperança. 


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