Susanna Marchionni
CEO da Planet Smart City no Brasil
Já pensou morar em uma cidade segura, sem se preocupar com cercas elétricas, muros e portões? As cidades inteligentes são assim.
Quando se ouve falar nas smartcities, os algoritmos da mente costumam conectar o termo à tecnologia. Faz sentido, pois são cidades que utilizam os recursos da tecnologia para melhorar a infraestrutura, otimizar a mobilidade urbana e criar soluções para os moradores e o seu entorno. Mas não apenas isso. Em uma smart city, a segurança vem antes de tudo.
Não é de hoje que a insegurança é um dos maiores problemas do Brasil. Nas cidades inteligentes, a segurança se faz com tecnologia, integração da vizinhança, inclusão social, soluções urbanísticas, espaços compartilhados e ocupação das áreas públicas, gerando o sentimento de pertencimento ao lugar.
As cidades inteligentes, portanto, são ainda mais inovadoras quando o assunto é segurança. O seu planejamento urbano promove um ambiente equilibrado graças à distribuição harmoniosa das áreas residenciais, comerciais e de serviços. Assim, há presença constante de pessoas em todos os horários. Assim a segurança aumenta naturalmente.
Além disso, os projetos incluem câmeras de videomonitoramento 24 horas em pontos estratégicos da cidade, que visam desestimular ações que ameacem a segurança do cidadão e a integridade dos bens comuns. As imagens em tempo real podem ser acessadas por meio de um aplicativo que conecta a população. Esse app permite informar uma situação suspeita no grupo de moradores e enviar alerta de emergência com a geolocalização para alguns contatos cadastrados.
A primeira cidade inteligente do país – e a primeira inclusiva do mundo –, implantada no Ceará, tem um aplicativo próprio, o Planet App, entre mais de 50 soluções inteligentes. A Smart City Laguna fica no município de São Gonçalo do Amarante (a 55 quilômetros de Fortaleza) e é projetada para abrigar 25 mil pessoas. Atualmente, conta com as primeiras 100 famílias morando.
Outro aspecto que chama a atenção, em Laguna, é a arquitetura dos bairros residenciais, que implanta o modelo cul-de-sac – expressão francesa que se refere a ruas com balões de retorno –, recurso que funciona bem na Europa e deve auxiliar na segurança também no Brasil. Os balões de retorno, afinal, reduzem o tráfego perto das residências, evitando o fluxo de desconhecidos e permitindo ver melhor quem está passando por ali.
Acredito que as cidades devem sempre estar a serviço dos cidadãos, e não o contrário. Por isso, defendo as cidades inteligentes como uma forma de melhorar a vida das pessoas. Projeções da ONU indicam que a população mundial deve atingir 11 bilhões em 2050. Não por acaso, a criação das smartcities é um assunto que desperta cada vez mais o interesse das autoridades e da sociedade civil. O crescimento populacional exige uma inteligência focada na estruturação dos centros urbanos, a fim de evitar ainda mais a desigualdade social, uma das principais causas da violência e da insegurança da população.
Nas cidades em que tecnologia e espaço físico estão integrados, cria-se, constantemente, o senso de pertencimento, o engajamento nas atividades locais e a ocupação das ruas e espaços de lazer. Com todos esses aspectos contemplados – e funcionando –, os moradores, afinal, podem desfrutar de um estilo de vida mais humano, sustentável e seguro.