Jornal Estado de Minas

Peneira eleitoral

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Walber Gonçalves de Souza
Professor e escritor

Escolher nem sempre é uma tarefa fácil, pois da escolha comumente vem a renúncia de alguma coisa, portanto, é preciso abrir mão de algo e em contrapartida ter a convicção de que o escolhido passou pelo crivo da consciência.





Estamos vivendo um momento eleitoral, em que o ato de escolher entre inúmeros candidatos aos cargos públicos torna-se a nossa forma de participação no processo. Pessoas colocaram seus nomes à disposição da comunidade e agora cabe a essa comunidade escolher quem a representará pelos próximos quatro anos.

É claro que ninguém tem uma estrela na testa como sendo um sinal de merecedor da confiança do eleitor e, por consequência, do seu voto. Muito pelo contrário, o que se percebe a cada pleito eleitoral são os piores lobos se vestirem como cordeirinhos, de tal forma que conseguem enganar perfeitamente.

Estranho, mas comumente a honestidade e a franqueza costumam afastar as pessoas, inclusive os eleitores. Por isso a mentira ganha tanta força. Assim, quem mente mais e melhor, provavelmente, terá maiores chances. Triste realidade, mas real. Resumindo: as pessoas, por mais que digam que não, ainda gostam de ser enganadas, de não ouvir o que precisa, mas o que "adoça" os ouvidos. E é justamente aí, no que as pessoas querem ouvir, que entram os marqueteiros de campanha como lobos vorazes e astutos na arte de persuadir e ludibriar, na construção de falácias mirabolantes, mas que enganam direitinho e de forma eficaz.





No meio de todo esse jogo eleitoral está o eleitor à procura do seu candidato. O ideal seria se pudéssemos colocá-los em peneiras, e a cada peneirada fôssemos diminuindo a espessura dos buracos da peneira, até que sobrasse aquele e/ou aqueles com condições de assumir de fato tamanha responsabilidade em administrar as coisas públicas.

Cada peneira poderia ter seus próprios critérios, sendo, respectivamente, a peneira do equilíbrio emocional; da ficha limpa de fato; do caráter reconhecido socialmente; de como convive em família e entre amigos, se abandonou filhos, cônjuge, pais...; de como organiza sua própria vida, pois há pessoas que não conseguem administrar nem sequer seu próprio salário ou bens; se não há envolvimento em falcatruas de repercussão na sociedade; se é uma pessoa proativa; poderia existir a peneira da honestidade, pois dever é uma coisa, viver sendo um mau pagador é outra; hombridade; espírito republicano... enfim, muitos são os critérios reais, práticos e presentes na história de vida do candidato que podem ser verificados na hora da escolha de uma dessas pessoas. E mesmo assim, corremos o risco!

Nossa democracia vem amadurecendo, entretanto, nem sempre acertamos na escolha! Todavia, não podemos deixar de tentar escolher. Se não temos o candidato dos nossos sonhos, que consigamos escolher o menos pior (infelizmente). O que não é aceitável é votar em qualquer um. Pois uma grande parte dos candidatos, provavelmente, não passaria na primeira peneirada. Agora, chegou a nossa vez, vamos escolher!