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Editorial

Campeão de gastos

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O Brasil ostenta o vergonhoso título de campeão de gastos públicos, fato que impede que a economia saia do marasmo em que se encontra desde o fim da última recessão, de 2014 a 2016. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, o governo foi obrigado a aumentar suas despesas com a criação do auxílio emergencial para trabalhadores informais, o programa de retenção do emprego, a transferência de recursos para estados e municípios, mais verbas para a saúde e garantia de crédito para as empresas. Incontestável que o governo tomou as medidas acertadas para mitigar os efeitos da crise gerada pela COVID-19, mas a conta vai chegar um dia.




 
De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil elevou seus gastos públicos (União, estados e municípios) de 29,5% para 41% do Produto Interno Bruto (PIB) – os encargos com juros foram excluídos desse cálculo – entre 2008, ano da crise econômica mundial, até o ano passado, portanto, antes da pandemia. O levantamento foi feito com 20 países, excluindo China,
Índia e Argentina, por falta de dados confiáveis, e marcaum período de forte expansão das despesas por causa da crise desencadeada com a falência do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.
O avanço do gasto público no país tem a marca dos benefícios da Previdência e dos programas sociais. Esses pagamentos pularam de 9,8% para 18,4% do PIB. Hoje, os encargos previdenciários no Brasil são comparáveis a nações ricas com populações bem mais velhas. O estudo aponta que países emergentes apresentam cifras menores, como Turquia (12,8%), Rússia (11,1%), África do Sul (6,2%), Chile (4,9%) e México (4,3%).
 
O desembolso com o funcionalismo da ativa é outro disparate mostrado pela pesquisa, nos níveis federal, estadual e municipal, chegando a 13% do PIB, só superado pela Arábia Saudita e África do Sul. O dispêndio cominativos e pensionistas bate nos 5% do PIB. Outra excrecência apontada pelo levantamento é o pagamento dos juros da dívida pública, que apesar de ter caido de 9% para 7,3%, de 2018 para 2019, continua sendo uma aberração sem igual no mundo.




 
Este ano, os gastos deram grande salto com o pacote de medidas tomadas pelo governo para combater a COVID-19, um dos mais abrangentes do planeta. O estímulo à economia vai impedir uma queda maior do PIB em 2020. No início da pandemia, economistas davam como certa a retração de 10% do PIB e, agora, a aposta é de que dever cair em torno de 4,5%. Se o governo não tivesse agido, o tombo da economia seria bem maior, mas o próximo ano será de dificuldades. Por esse motivo, Executivo e Legislativo não podem protelar a aprovação das reformas estruturantes. Sem elas, o país vai enfrentar tempos mais complicados ainda.

audima