Em cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou ontem o plano de imunização nacional contra a COVID-19. Ele não fixou data para o começo da campanha. Não será no fim deste mês nem em março, como anteriormente havia declarado. A nova versão prevê para fevereiro de 2021 o início da vacinação em massa, a partir dos grupos de maior risco. O governo negocia 350 milhões de doses para o próximo ano, o suficiente para imunizar 175 milhões de brasileiros.
Na cerimônia, o presidente Jair Bolsonaro mudou o tom do discurso. Ele acenou com uma bandeira branca e deu sinais de que pretende estabelecer uma relação amistosa com todos os governos estaduais, inclusive com o de São Paulo. Depois de declarar que se sentia honrado em receber os governadores e que existe "união para buscar solução de algo que nos aflige há meses", ele completou: "Se algum de nós extrapolou ou até exagerou, foi no afã de buscar solução".
Até então ignorada pelo governo federal, a vacina Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, foi incluída na lista de imunizantes que deverão ser distribuídos no país. Além dela, o governo pretende adquirir vacinas produzidas por Oxford, Pfizer-BioNTech, Bharat Biotech, Moderna, Janssen, além do consórcio da Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pazuello exaltou o Sistema Único de Saúde (SUS) e o trabalho dos profissionais da rede pública, que salvaram mais de 6 milhões de brasileiros infectados pelo novo coronavírus. Reconheceu, também, a rede de vacinação do país, que conta com 38 mil postos de atendimento e coloca o Brasil como exemplo mundial pela sua eficiência e eficácia no controle das doenças evitáveis. O ministro lamentou, ainda, a morte de mais de 180 mil brasileiros pela pandemia.
O controvertido e criticado termo de responsabilização de quem optar por se vacinar também foi pacificado pelo ministro. Segundo ele, o documento só será necessário para os voluntários – grupo limitado – que aceitarem os imunizantes em uso emergencial. Mas, a partir da validação das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o termo será desnecessário.
A mudança de comportamento do governo federal diante da batalha contra a COVID-19 é mais do que necessária. Torna-se fundamental na luta contra o inimigo comum, que ignora ideologias ou opções partidárias. O novo coronavírus é implacável e não distingue ricos ou pobres, negros ou brancos. Nos últimos 10 meses, ceifou a vida de mais de 180 mil pessoas e, na atual segunda onda, parece ser mais agressivo.
Hoje, a média de óbitos chega próxima a 1 mil por dia e, em alguns estados, supera os índices registrados no auge da crise. Vencer esse momento que enluta milhares de lares é o passo mais importante para reconstruir o país, por meio de políticas públicas que recuperem a economia, rompam com as profundas desigualdades socioeconômicas e, enfim, dignifiquem os cidadãos brasileiros.