Fernando Franco
Formado em engenharia aeronáutica pelo ITA e CEO da Provi, fintech de financiamento estudantil de alto impacto
Sem dúvida, a educação foi um dos setores mais afetados pela pandemia da COVID-19. De acordo com a Unesco, agência da ONU responsável por acompanhar e apoiar a educação, a comunicação e a cultura no mundo, a chegada do novo coronavírus impactou mais de 1,5 bilhão de estudantes em 188 países. Fora todos os impactos financeiros, as instituições de ensino precisaram se reinventar e encontrar novas formas de engajar os alunos, promovendo uma troca de conhecimento que fizesse sentido neste momento, sendo a tecnologia uma grande aliada para suprir parte das necessidades causadas nesse período.
Dois pontos que destaco e que aprendemos (infelizmente, da pior maneira) foi a importância do suporte tecnológico para a atualização dos métodos de aprendizagem, bem como a promoção de acesso mais plural ao ensino. Contudo, ao observar a questão da desigualdade – que na pandemia ficou ainda mais evidente –, vemos como isso impactou diretamente toda a cadeia educacional. Enquanto alunos de escolas particulares aprendem por meio de diversos recursos, outra grande parcela nem sequer tem acesso à internet e não pôde acompanhar essas transformações. Um ano desafiador, mas que trouxe muito conhecimento.
Sabemos que não há formas de sustentar qualquer desenvolvimento sem conhecimento. Por isso, estamos vivendo uma mudança de era e comportamento e isso pressupõe novos aprendizados, incluindo o aumento gradual do acesso à educação, mesmo diante de tantas dificuldades impostas pelo coronavírus e da carência de melhores condições tecnológicas que o Brasil apresenta. A comunidade acadêmica e as instituições, por exemplo, estão muito mais atentas à realidade do mercado de trabalho – existe hoje uma busca por sinergia entre o que se aprende e o que se executa.
Outro ponto decisor dessa mudança tem a ver com a procura de novas metodologias ativas que colocam o aluno como protagonista, fazendo com que ele se torne o principal decisor e influenciador, promovendo a pluralidade de opções. Na minha visão, a melhor maneira de mantermos esse ritmo é promover o maior alcance ao conhecimento, incluindo, ainda, formas inclusivas de pagamento e taxas mais humanizadas, entendendo as necessidades do aluno e estando abertos, enquanto instituições, para aprender, testar e mudar – se for preciso – para o bem dos estudantes e de toda a comunidade.
O ensino, principalmente o tradicional, foi que reagiu de forma mais morosa a uma atualização – que sempre foi importante, mas nunca levada a sério pelos governantes. Agora, precisamos evoluir e entender muito mais o aluno, suas necessidades e seus anseios, assim como as particularidades do mercado e buscar alternativas que irão auxiliar e resolver possíveis problemas.
É fato que o isolamento criou novos e diferentes hábitos e rotinas, e ainda estamos aprendendo a lidar com as constantes mudanças que nos foram apresentadas. Toda crise é uma oportunidade de aprendermos algo novo e no setor educacional não é diferente. Agora, é colocar a casa em ordem para que os alunos possam voltar a aprender e a educação entrar nos trilhos para evoluir. Caminhos difíceis ainda virão e precisamos estar preparados para enfrentar os obstáculos da melhor maneira.