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Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ

O ano de 2021 será de esforços da União Europeia para alcançar a China e os Estados Unidos na implementação de redes de telecomunicações super-rápidas (5G). Atenta a isso, a UE canalizou 20% de seu fundo de 750 bilhões de euros (US$ 914 bilhões) para a melhoria das funcionalidades digitais – o que expressa aquele desejo.





As operadoras de telefonia celular europeias relutam há tempos em começar a investir em redes 5G, que poderiam dar fábricas inteligentes a automóveis autônomos devido à falta de clareza política sobre aceitar as exigências dos EUA de excluir a Huawei e fabricantes chinesas.

“A Europa, infelizmente, ficou para trás”, disse à Reuters Pekka Lundmark, executivo-chefe da fabricante finlandesa de equipamentos de rede Nokia. “Mas a implementação já está se acelerando e acho que em 2021 ganhará mais velocidade.”

A fabricante de equipamentos sueca Ericsson prevê que a cobertura 5G da Europa deverá crescer, nos próximos cinco anos, do atual 1% das assinaturas de telefonia celular em todo o continente para 55% nos países ocidentais e 27% nos países da Europa Central e do Leste, o que poderá respaldar a tão ansiada recuperação econômica.





Embora um consumidor individual possa usar 5G para fazer telefonemas e navegar na internet, a principal vantagem da tecnologia está na criação de novos negócios, na automatização de fábricas e na gestão de infraestruturas decisivas, como redes de energia elétrica. As assinaturas mundiais de telefonia celular 5G deverão alcançar até 202 milhões até o fim deste ano, com a China respondendo por quase 80% desse total, disse a Ericsson em relatório divulgado no mês passado. Prevê-se que a América do Norte ficará com 4%.

É pouco provável que as pressões dos EUA sobre seus aliados para evitar a utilização de equipamentos da Huawei em suas redes se dissipem. Os EUA acusam a Huawei de facilitar a espionagem chinesa, denúncias desmentidas pela empresa e pelo governo chinês. A Europa não deu ouvidos a Trump.

O novo presidente dos EUA, Joe Biden, no entanto, pode se mostrar mais aberto que seu antecessor em se empenhar em conversações, o que reduzirá as preocupações das operadoras de que mudanças de política pública repentinas possam significar a inutilização de bilhões de dólares de equipamento 4G atualmente em funcionamento.





As operadoras de telecomunicações vinham planejando migrar para o 5G sua infraestrutura 4G preexistente. Seria a maneira mais barata e rápida para começar a modernização. O 5G terá capacidade de transmitir dados com uma velocidade nada menos que 20 vezes maior que as redes atuais.

Mas quase a metade desse equipamento em operação é de fabricação da Huawei, o que obriga as operadoras a procurar outros fornecedores... Medo da China! E, por outro lado, impossibilidade prática.

A Nokia e a Ericsson lucraram bastante com essa mudança, ao conquistar contratos de antigos clientes da Huawei, alguns dos quais discutem acordos com a Samsung, uma recém-chegada ao mercado europeu – mas o imenso potencial da chinesa Huawei prevalecerá.





A Huawei reconheceu o dilema com que se defrontavam os clientes que tiveram de surfar na disputa EUA-China e atribuiu isso à imbecil política de Trump. Mas com Biden as relações podem mudar. Não adianta reagir contra o inevitável.

Na guerra mundial iniciada em 1939, Churchill fez o que pôde para os EUA entrarem, em vão.        Eram isolacionistas e mal tinham saído da crise de 1929 (aquela da bolsa de NY).

Somente em 1942, Franklin Delano Roosevelt – contra a opinião pública americana – incentivou o Japão, mediante ameaças, a destruir a esquadra ancorada em Pearl Harbor, no Havaí – e conseguiu! Era o que queria. Os EUA entraram na guerra contra o eixo (Japão, Alemanha, Itália) por causa do ataque japonês a Pearl Harbor.

O ingresso dos EUA mudou os ares do conflito, tirou o país da recessão de 1929 (terrível), ativou a indústria parada e lançou a hegemonia americana com empréstimos bancários. Roosevelt (no livro Tempos muito estranhos) é, ao meu sentir, um estadista não festejado pela hipocrisia anglo-saxônica. Escondem o essencial. Os EUA se tornaram credores da Europa e saíram da recessão.





Grande e inteligente, Franklin Delano Roosevelt, durante 14 anos ininterruptos, soube governar os Estados Unidos. Este sim foi um estadista. Trump é lixo e mentira, um safado insurrecto contra as instituições democráticas, mas não prevalecerá, embora parte dos americanos sejam gananciosos e inclementes.

Trump disse que vai organizar um movimento civil contra Biden. Deve mesmo é ser processado por insurreição. Se o país já está dividido, esmagar o autoritarismo fascistoide trumpista é fundamental. Biden, abra os olhos. Em vez de união, pise na cabeça da cobra como quer Nancy Pelosi, líder no Congresso americano.

audima