Joe Biden completa, nesta quinta-feira, 100 dias na Presidência dos Estados Unidos. É louvável o trabalho realizado pelo líder norte-americano em tão curto espaço de tempo. O mais importante deles, recolocar a maior potência do planeta na normalidade, ao simplesmente respeitar a liturgia do cargo. Os quatro anos de governo do negacionista Donald Trump foram desastrosos e devem ser relegados ao que há de pior da história.
Aos 78 anos, Biden sinalizou o desejo de ser um dos presidentes mais transformadores dos Estados Unidos. Pelo que se viu nos poucos mais de três meses desde a sua posse, é possível acreditar. Ele aprovou um pacote de US$ 1,9 trilhão em socorro às famílias afetadas pela pandemia do novo coronavírus, com a distribuição de cheques de US$ 1.400. Propôs um programa de infraestrutura de mais de US$ 2 trilhões e deve lançar mais um plano trilionário de ajuda aos trabalhadores.
Assim que assumiu, o democrata prometeu vacinar 100 milhões de norte-americanos contra a COVID-19 nos 100 primeiros dias de governo. Uma semana antes do prazo, 200 milhões de cidadãos já tinham tomado a primeira dose dos imunizantes. Essa proteção da população adulta permitiu um feito ao governo: abolir o uso de máscaras em locais abertos.
Vale lembrar que, quando Biden chegou à Casa Branca, em 20 de janeiro, os Estados Unidos registravam média diária de 195 mil novos casos de infecção pelo coronavírus e 3 mil mortes. Atualmente, a média de novos casos está em 57 mil e a de óbitos, em 700. Tudo isso foi possível porque o presidente norte-americano definiu um plano nacional de vacinação, ao contrário do que propunha Trump, de deixar todo o trabalho a cargo dos estados.
Foi justamente a imunização em massa da população que permitiu aos EUA retomarem o crescimento econômico de forma acelerada. A perspectiva é de que a locomotiva do mundo avance entre 5% e 6% neste ano, com a taxa de inflação se mantendo abaixo de 2% ao ano. O desemprego, por sua vez, tem caído sistematicamente, mês a mês, encostando nos 6%.
Por tudo o que já disse, Biden quer resgatar o papel do Estado para prestar o melhor serviço possível à população norte-americana. Esse Estado de bem-estar social e de indutor do crescimento foi destruído a partir da administração de Ronald Reagan. Com o plano de infraestrutura, Biden pretende promover uma revolução, transformando os EUA em uma potência econômica sustentável, com mudança na base energética e forte preservação do meio ambiente, e em um país inclusivo, com investimentos em educação, assistência a crianças e licenças maternidade e paternidade.
A transformação também passa pelo combate ao racismo, pela restrição à posse e ao porte de armas e por mudanças nas políticas de imigração, que incluem a garantia da cidadania a crianças que nasceram nos EUA, mas que estão à margem da sociedade. Esse último tema talvez seja o mais espinhoso a ser enfrentado pelo presidente norte-americano, uma vez que suas ações já tomadas nessa área são aprovadas por apenas 37% da população.
Enfim, Biden tem lições de sobra para dar ao Brasil, que caminha para 400 mil mortes, com o desemprego alcançando quase 15% dos trabalhadores, a inflação arreganhando os dentes, a economia definhando e o processo nacional de vacinação em passos lentos.