Jornal Estado de Minas

Até quando seremos o nosso próprio lobo?

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

Walber Gonçalves de Souza 
Professor e escritor
 
O importante filósofo modernista Thomas Hobbes defendia a ideia de que o homem é o lobo do próprio homem. Para o pensador, o ser humano é o próprio inimigo da humanidade, portanto, o próprio inimigo dos seus pares. 




 
Claro que não podemos descontextualizar a ideia de Hobbes, que viveu praticamente há quatro séculos em uma conturbada Inglaterra. Entretanto, transportando-a para a era presente, parece se encaixar perfeitamente dentro das características pelas quais a humanidade está vivendo. Literalmente, estamos nos acabando, tornando-nos uma bomba-relógio. 
 

Todos os dias, somos invadidos por notícias que beiram a desumanidade. São construções de mísseis cada dia mais potentes; bombas nucleares sendo testadas em várias partes do planeta; assassinatos em série; balas perdidas que não deixam de encontrar um alvo inocente; conflitos, a exemplo do que vem acontecendo com a Faixa de Gaza, vividos em inúmeros lugares; um contingente indizível de refugiados que buscam a paz que nunca encontrarão; números cada vez mais alarmantes de gente morrendo de fome; doenças, até então adormecidas, tornando-se ativas e, em muitos casos,
descontroladas; atentados a cada dia mais frequentes; uma intolerância hiper-radical e extrema; guerras civis, a exemplo do Rio de Janeiro, disseminando-se em milhares de lugares no planeta; sem mencionar a má gestão dos recursos e a desenfreada corrupção, talvez o nosso maior mal e, por que não afirmar, uma das principais causas das demais. 
 
Lendo este texto, pareço transmitir um pessimismo, mas prefiro acreditar e defender que ele é um retrato fiel do que estamos nos tornando. Portanto, um texto realista, que não quer ousar ser um texto que tape o sol com a peneira. 




 
Se toda mudança nasce da crise, já está na hora de dias melhores começarem a surgir, pois estamos atolados até o pescoço nela, já não há mais espaço para problemas, precisamos urgentemente tentar encontrar saídas, soluções que apontem novos rumos, que proporcionem a mudança dos paradigmas atuais pelos quais estamos descrentes e que já deram sinais claros de que não estão em consonância com os verdadeiros anseios da humanidade, que nada mais é do que poder viver dignamente. 
 
Cidades estão em crise, países estão desgovernados, continentes à beira do caos social e humanitário. Os ricos, em sua grande maioria, foram dominados por uma ganância sem precedentes e transformaram o Estado em seus próprios quintais; os pobres, movidos por uma cultura que cultiva a violência, saíram da defensiva mórbida e resolveram se mexer e contra-atacar, e juntos estamos criando o que vemos e vivenciamos todos os dias.  
 
Queria muito acreditar que Hobbes está mentindo, mas a realidade nos mostra que não. Todavia, o ser humano é sempre surpreendente e quem sabe um dia consigamos nos enxergar como tal. Quando esse dia chegar, estaremos dando o primeiro passo para desarmar a bomba-relógio na qual nos transformamos. Será que esse dia chegará?  
 
 

audima