A pandemia de COVID-19 chamou a atenção para a importância da ciência em escala global. Desde o início de uma das maiores crises sanitárias que o mundo enfrentou, a corrida e os investimentos no enfrentamento do novo coronavírus não paralisaram. Nunca antes na história da humanidade, vacinas foram desenvolvidas em tão curto espaço de tempo.
Hoje, estão disponíveis pelo menos seis imunizantes, aprovados em caráter definitivo ou provisório: AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Moderna, Janssen, Sinopharm, SinoVac/CoronaVac e Sputnik V. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 287 vacinas são candidatas contra a COVID-19 no mundo, sendo 102 na fase clínica, que é a mais cara e longa do processo de P&D, e 185 em desenvolvimento pré-clínico (in vitro e/ou in vivo), que vai demonstrar a segurança e o potencial imunogênico.
No Brasil, 17 projetos de vacinas nacionais estão em desenvolvimento em universidades e centros de pesquisa, a exemplo da Butanvac, pelo Instituto Butantan, Versamune, da USP, Spintec, da UFMG, além da UFPR e da UFRJ. Todas com previsão de chegar ao mercado em 2022, se as etapas forem concluídas com sucesso. É um processo longo, mas fundamental no enfrentamento à COVID-19 e às variantes do vírus que estão surgindo.
E os avanços da ciência na área de saúde se estendem a outras áreas, demonstrando a importância de grandes investimentos no setor. Centros de pesquisa têm estudado novos fármacos, terapias genéticas e o uso da inteligência artificial na prevenção, diagnóstico e tratamento de várias doenças, além do desenvolvimento de uma medicina personalizada, chamada “medicina da prevenção”, na qual o médico adota procedimentos mais efetivos e benéficos para o paciente.
No que diz respeito a tratamentos, boas notícias foram anunciadas esta semana. Uma delas foi a aprovação do primeiro medicamento em 18 anos para Alzheimer. O aducanumabe retarda a progressão da doença, sendo aplicado na fase inicial. Novos ensaios clínicos vão ser realizados, mas é um alento levando-se em conta que mais de 100 tratamentos potenciais para Alzheimer fracassaram na última década. A considerar a estimativa de que 45 milhões de pessoas tenham algum tipo de demência no mundo, sendo 2 milhões no Brasil, os avanços nessa área são fundamentais, uma vez que, com o envelhecimento da população em vários países, essa parcela da população deve duplicar a cada 20 anos.
Em outra área, resultados de um estudo desenvolvido no Reino Unido, apresentado no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia (Asco), sobre o medicamento olaparibe em pacientes com câncer de mama provocados pelas mutações BRCA1 e BRCA2, que têm causa hereditária e aumentam risco de recidiva, também apontam para terapias eficazes na luta contra a doença. Os especialistas observaram redução de 42% na recorrência do tumor nas pacientes que tomaram o remédio, o que é bastante significativo e abre as portas para novos estudos.
Os avanços da ciência a serviço da saúde nos últimos anos, potencializados agora pela pandemia, ressaltam a importância de investimentos maciços em pesquisa e de um olhar diferenciado sobre os cientistas que dedicam a vida em busca de soluções e melhorias para a sociedade, além de políticas públicas voltadas para o enfrentamento não só da COVID-19, mas de doenças que precisam de uma resposta eficaz. A ciência não pode ser banalizada e muito menos relegada a um papel menor ou desprezada pelo negacionismo. É da mente e do trabalho árduo de pesquisadores que saem as mudanças que melhoram a vida de todos.