Fábio Ferreira
Sócio proprietário da Atrio Investimentos
A taxa Selic ao patamar histórico de 2% ao ano ficou para trás. Desde março, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a adotar o crescimento do juro, a elevação gradativa levou aos atuais 4,25% a.a.. E todos os indícios apontam para novas altas. Economistas já projetam o fechamento de 2021 com a Selic operando entre 6,5% e 7,5%.
Para quem tem planos de financiar algum bem, como um imóvel ou um carro, ou mesmo tomar um empréstimo no banco, as elevações desse índice têm um gosto bastante amargo. Mas no mercado financeiro, uma taxa Selic mais robusta significa mais oportunidades de investimentos e aplicações.
O principal impacto é na renda fixa, como são os casos do CDB e do Tesouro Direto. O Tesouro, em particular, tem seus títulos indexados ao IPCA (que também se elevou) e à Selic. Como os papéis pós-fixados prometem uma remuneração com ganhos reais (a taxa + um percentual preestabelecido), ou seja, acima da inflação, a elevação da Selic ficou ainda mais atraente.
Também há boas modalidades de CDB atreladas à inflação, o que sugere uma retomada do interesse desses ativos pelos investidores. O momento é de usar a inflação a seu favor. Há papéis bem interessantes no mercado que oscilam junto à Selic. Se a inflação cresce, o investidor ganha mais. Se a inflação cai, ganha menos. Mas o importante é que sempre se ganha. Com os juros mais baixos, havia opções de investimentos mais rentáveis. Mas com a Selic a 4,25% a.a., o jogo muda um pouco.
Embora a alta seja positiva para os investidores, há riscos para quem concentra as aplicações nos papéis atrelados à Selic. Existem perspectivas de aumento da taxa, o que pode atrair ainda mais pessoas. O segredo para uma rentabilidade acima do que o investidor espera é diversificar, jogar em várias frentes, como títulos indexados ao IPCA, por exemplo. E esse também deve ser o caminho para quem fica de olho na renda fixa.
O investidor deve ficar atento e avaliar os vencimentos dos títulos do Tesouro Direto e os juros reais que paga. No caso dos prefixados, a rentabilidade anual dá a impressão de ser maior, mas não considera a volatilidade do mercado, que pode levar à desvalorização das aplicações. Uma rentabilidade próxima dos 10% ao ano, como estão hoje os prefixados mais longos, são bons no cenário atual. Mas se a Selic continuar a subir, esse juro perde valor. Na dúvida, invista com moderação, diversifique e estude bastante todas as opções.