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Estado de Minas editorial

Inflação inibe o consumo

Conter a inflação é um dos maiores desafios da equipe econômica, a fim de evitar que o país regresse ao período anterior ao Plano Real


07/10/2021 04:00




A estabilidade da economia, conquistada com a edição do Plano Real – criado no governo Itamar Franco (1994), para conter a hiperinflação – está derretendo. A inflação deverá fechar este ano próxima de 10%, quase o dobro do teto fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN): 5,25%. Além da carestia dos alimentos, a crise hídrica elevou as tarifas de energia e o preço dos combustíveis disparou. Em 2021, até setembro, a gasolina acumula aumento de 39% e o óleo diesel, de 49%.

O impacto da escalada inflacionária chegou com tudo no varejo. O maior baque deste ano foi registrado em agosto. As vendas recuaram 3,1% na comparação com julho, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Neste ano, o setor acumula crescimento de 5,1%. Mas as quedas mais recentes representam um revés, após a recuperação do setor, que foi gravemente afetado pela pandemia do novo coronavírus. A crise sanitária levou comerciantes a descobrirem os meios virtuais, pelas plataformas de marketplace, para oxigenar os negócios e, assim, contornar a tragédia provocada pelo vírus.

Os hiper, supermercados e os postos de combustíveis foram os que mais sentiram os danos da alta inflacionária, reflexo da queda no consumo das famílias e das empresas. “A variação da receita nominal de hiper e supermercados ficou perto de zero (0,3%) e a de combustíveis recuou 0,7%. Houve, efetivamente, um gasto menor das famílias na passagem de julho para agosto”, acrescenta Cristiano Santos, gerente da pesquisa. E não poderia ser diferente. A renda média das famílias não seguiu, nem segue, a escalada da inflação, que corrói os salários e impõe restrições aos estilos de vida. Além disso, o número de desempregados se mantém no patamar de 14 milhões – um dos principais fatores inibidores da demanda.

Agosto só não foi amargo para os segmentos de tecidos, vestuário e calçados, com alta de 1,1% nas vendas, à frente dos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos (0,2%). Nada expressivo, mas dentro de um padrão razoável de estabilidade nos negócios. 

Se a situação do comércio não é boa, na indústria também nada vai muito bem. Entre julho e agosto, o setor registrou retração de 0,7% na produção, pelo terceiro mês consecutivo. No período, a perda acumulada chega a 2,3%. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), o desempenho atual é 2,9% inferior ao de fevereiro do ano passado, quando o mundo ainda não havia sido abalado pela pandemia, e 19,1% abaixo do nível recorde de maio de 2011.

Conter a inflação é um dos maiores desafios da equipe econômica, a fim de evitar que o país regresse ao período anterior ao Plano Real. Na época, famílias, empresas e o poder público não conseguiam planejar o dia seguinte devido às altas galopantes dos preços e a desvalorização da moeda nacional. É preciso frear esse distúrbio. Já basta o pesadelo causado pela COVID-19.


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