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editorial

Falta de consenso na COP-26

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A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26) foi encerrada oficialmente ontem em Glasgow (Escócia). Os primeiros rascunhos de um acordo global ficaram muito aquém das expectativas da Organização das Nações Unidas (ONU) e da maioria dos cidadãos dos 193 países participantes. 




 
Após 12 dias de conversações, faltaram entendimentos e acertos para evitar que haja uma alta de 1,50C na temperatura do planeta até 2030 — 10 anos antes da previsão inicial. 
 
Durante os encontros preparatórios, os organizadores da conferência sugeriram aos países que fossem ousados e elevassem o percentual da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para a redução de emissão de gases de efeito estufa acertado no Acordo de Paris (2015). Mantido o atual ritmo  de aquecimento, o mundo estará entre 2,4% e 2,7% mais quente no fim do século. 
 
Conter o avanço do aquecimento global implica revisão dos modelos econômicos de produção e consumo, com rápida migração para uma economia verde. A indústria automobilística teria que acelerar uma profunda alteração na linha de produção, substituindo os combustíveis fósseis por outras fontes de energia para a movimentação dos veículos. As políticas ambientais, por sua vez, deveriam se voltar à preservação e recomposição das florestas, sobretudo as tropicais, que têm capacidade de absorção de gás carbônico (CO²), um dos grandes vilões do aquecimento, ao lado da queima de carvão e dos gases lançados pelos veículos na atmosfera.
 
Embora, no discurso, os líderes mundiais concordem com a necessidade de conter o aquecimento global, os aspectos econômicos e financeiros pesam na tomada de decisões. Os países em desenvolvimento cobram promessas de financiamento das nações mais ricas. Por sua vez, os desenvolvidos não cumprem o que foi acordado. O impasse está estabelecido.




 
Países, como o Brasil, com grandes reservas de petróleo evitam os debates sobre a eliminação do combustível fóssil. Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, têm sérias divergências no campo comercial e resistem quanto à revisão dos meios de produção. 
 
Enquanto os chefes de Estado se distanciam do que deveria ser ponto de convergência — a defesa do planeta e de todas as vidas que nele habitam —, a natureza segue em seus desarranjos, que, na avaliação dos cientistas, são catastróficos e ameaças concretas à perenidade da humanidade. A falta de consenso pode, e os sinais são claros, levar o mundo para um caminho sem retorno. 

audima