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Os impactos da Black Friday na economia brasileira

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Nelson Mitsuo Shimabukuro
Especialista em mercadologia e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alphaville

A Black Friday é um evento recente no Brasil e que começou somente em 2010. Foi uma iniciativa de 50 varejistas que fizeram essa promoção exclusivamente on-line e que tiveram um faturamento de apenas R$ 3 milhões. De lá para cá, as vendas evoluíram muito fortemente, sendo que, depois de 2010, o faturamento de R$ 3 milhões passou para R$ 100 milhões, R$ 200 milhões. Em 2014, R$ 871 milhões. Em 2015, tivemos um marco em que ultrapassou R$ 1 bilhão de faturamento aqui no Brasil.




 
Em 2020, apesar da pandemia, a Black Friday conseguiu continuar avançando, fortemente impactada pelo comércio eletrônico, atingindo aproximadamente 5,1 bilhões de pessoas. Nós temos um dólar muito alto e que está inflacionando muitos produtos, principalmente aqueles que têm a indexação em dólar. Por exemplo, celular, eletrônicos ou coisas importadas e que têm algum tipo de âncora cambial.
 
Um outro aspecto econômico é que a cadeia de suprimentos ainda está instável, alguns produtos estão faltando, outros não têm previsibilidade, outros estão inflacionados e isso pode gerar alguns transtornos. A inflação que está alta, o acumulado de 12 meses está acima de 10% e, adicionado a esse cenário, temos o desemprego que está em alta ainda. Tudo isso pode impactar a evolução do tíquete médio neste ano.
 
O que a gente pode esperar para a Black Friday de 2021? De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, a expectativa é que haja um aumento de 6,5% em termos de faturamento se comparado com o ano anterior. Se for descontada a inflação, teríamos até um retrocesso. Outro ponto importante é que o interesse da população brasileira sobre a Black Friday tem aumentado ao longo dos anos. Isso tem sido uma tendência muito forte, a ponto que, ano após ano, o interesse nas procuras on-line referentes ao Brasil tem aumentado muito. Por exemplo, foi identificado que no Brasil, entre 2020 e 2021, as procuras por Black Friday ou termos relacionados aumentou em 48%.




 
Os que foram fortemente impactados pela pandemia, em função de ter a possibilidade de compra presencial do que on-line, talvez tenham condições de recuperar ou avançar mais com relação ao ano passado. Como no caso de vestuário, calçados ou outros produtos que estejam relacionados com a compra presencial.
 
Vamos presenciar agora em 2021 a retomada das promoções, do apelo muito forte em serviços como academia, turismo, viagem, experiências presenciais, restaurantes e várias outras coisas que agora estão impossibilitados de voltar de forma plena. Apesar de todos esses obstáculos relacionados ao comércio presencial, muito provavelmente quem vai dominar o cenário da Black Friday vai ser o setor de produtos eletrônicos.
 
Tipicamente, os eletroeletrônicos correspondem a aproximadamente 50% de todo volume de negócios gerados durante a Black Friday. Um outro segmento importante para o comércio e para a Black Friday são os shoppings. Oitenta por cento dele e das suas lojas pretendem aderir à Black Friday e investem fortemente na divulgação e venda neste período.




A Black Friday é um importante momento para o varejista que tem o início de uma fase importante que são as festas de fim de ano, o período mais significativo de vendas e ingestão de recursos para os varejistas. Também é um importante momento para testarem novas estratégias para o novo normal e conseguirem recompor as estratégias e os estoques ligados aos clientes que estão muito mais atentos. É uma ótima oportunidade para fazer uma desova de produtos que ficaram parados no estoque e que por diversos motivos não conseguiram ser comercializados.
 
O que percebemos é que existe um grande interesse da população brasileira por esse momento promocional, apesar de não termos a cultura do Dia de Ações de Graças. Apesar do grande interesse, pode ser que falte recurso ou o consumidor esteja cauteloso em comprar mesmo estando com dinheiro.
 

audima