Ângela Mathylde
Psicopedagoga, Ph.d em neurociência e fundadora da Clínica Aprendizagem e Cia.
As crianças são as maiores fontes de carinho, afeto e amor sincero que as pessoas podem ter, principalmente os pais. Impressionam a inocência, a infinidade de possibilidades, as coisas que elas pensam ou desejam ser um dia, e todas elas encontram a felicidade em coisas bem simples, como ganhar um brinquedo que fará com que passem horas do seu dia aproveitando o máximo que puder ou até mesmo achar algum objeto sem qualquer utilidade que posteriormente ela possa usar também como diversão.
As crianças acabam adorando personagens do imaginário, como os super-heróis, reproduzindo os golpes aplicados por eles... Muitas das vezes, elas chegam a fazer o efeito sonoro das lutas realizadas por essas figuras após ir aos cinemas ou assistir a desenhos animados. E, devido a esse amor dos “pequenos” pelo mundo da fantasia, acaba se tornando muito comum falarmos para nossas crianças a respeito de outras coisas do lúdico, visando mais ao divertimento e à manutenção da fantasia deles do que qualquer outra coisa.
Esses “encantos” são muito presentes no cotidiano infantil e com a chegada do fim de ano, começa a vir à tona um dos personagens mais emblemáticos na vida deles: a presença do Papai Noel. Por acreditarem que os brinquedos e presentes são dados pelo bom velhinho, que chega em cima de um trenó com renas e rodeado por duendes em todos os natais, as crianças têm um carinho – até arrisco a dizer – maior pelo velhinho do que por outros personagens.
É algo realmente incrível. Mesmo sem ver o Papai Noel, em alguns dos casos, as crianças acreditam que ele realmente esteve em sua casa, pois os pais fazem todo um trabalho psicológico com esses meninos para que, no final, dê tudo certo e a fantasia fique presente na memória dessas crianças.
Com o tempo passando e essas crianças crescendo, muitos pais começam a questionar sobre quando é a hora certa de falar a verdade ou, se essa verdade for revelada, quais serão os danos que podem causar. Os pais devem ou não contar a verdade, durante a infância do filho, ou qual seria a idade ideal para essa revelação?
Acredito que falar a verdade não desconstrói o lúdico, pelo contrário. Falar a verdade sempre será a melhor opção, por ela ser uma organizadora mental, estruturando a criança para trabalhar com frustração, por ela ser planejadora e organizadora.
A questão é como falar a verdade e saber dizê-la na hora correta, respeitando a maturidade da criança. Isso que é o fundamental. Então, é preciso primeiramente perceber a evolução dos “pequenos”, ter perspectiva sobre eles, para, aí sim, fazer um trabalho de “conta-gotas”, ir revelando aos poucos a verdade. E isso vale para qualquer coisa, não só para a questão do lúdico. É algo muito arriscado mantermos coisas em segredo, pois isso pode acarretar perda de confiança para o resto da vida nos casos em que haja descobrimento da criança, e acabar se tornando algo prejudicial para ela e para os pais.