Robson Campos
Diretor de produtos RH da TOTVS
Ser mais humano em meio a um mundo cada vez mais digital – esse é o grande desafio das organizações para o ano de 2022, no Brasil e em todo o mundo. O equilíbrio entre home office e escritório, em um modelo híbrido de trabalho, deve ser a tendência para os próximos anos. Um levantamento recente da Talenses Group e da Fundação Dom Cabral revelou que 73% dos entrevistados apontam o modelo híbrido como o mais adequado para a nova realidade do mercado de trabalho. E nesse contexto da vida pós-pandemia, sabemos que há desafios que as áreas de recursos humanos vão enfrentar para manter uma relação saudável e positiva entre empresas e colaboradores, garantindo ainda a manutenção da produtividade do negócio. E no meio de tudo isso, a tecnologia mais uma vez surge como a viabilizadora de bons resultados.
O primeiro desafio do RH é demonstrar segurança em um mundo de incertezas. É fundamental que toda a comunicação da companhia com seus colaboradores sobre mudanças e novas definições internas seja feita de maneira clara, precisa e sem hesitação, para evitar dúvidas e ansiedades, levando segurança para o time. Nesse sentido, uma plataforma de digital workplace, a famosa intranet, é uma ferramenta indispensável para sustentar uma comunicação de fato eficiente.
Ainda nesse tema, a boa aplicação de uma Gestão da Mudança Organizacional (GMO) certamente é uma tendência sem volta. Fazer o processo de mudança é uma ciência, com métodos bem definidos, principalmente quando se trata de uma mudança importante, como a adoção do modelo de trabalho híbrido, que também é uma tendência para 2022. Pense o quanto uma mudança como essa é capaz de transformar as pessoas e as empresas. Imagine como passar a ter escritórios sem posições definidas e fixas, profissionais trabalhando presencialmente e remotamente. Como fazer tudo isso funcionar? A resposta é: com uma GMO bem-estruturada e com tecnologia para suportar esse movimento.
Outra importante questão debatida para 2022 é como o RH mantém os colaboradores conectados à cultura organizacional em um mundo de trabalho mais flexível. Essa já era uma atribuição da liderança, suportada por um modelo de trabalho em que o escritório também era uma boa referência para definir e compreender a cultura de uma companhia. Era o escritório que dizia se a empresa era mais moderna ou antiquada, informal ou formal, tecnológica ou tradicional.
Agora, com o trabalho remoto fazendo parte da rotina (todos os dias ou apenas em alguns), esse papel de transmissão dos princípios e da cultura ultrapassa as fronteiras do físico e do RH e passa a ser uma missão ainda mais importante dos líderes da empresa. Nesse novo cenário, o não investimento no desenvolvimento das lideranças pode custar ainda mais caro. O papel do RH é preparar os líderes para cumprirem essa missão, além de fornecer tecnologia para modernizar e desburocratizar processos tradicionais, como avaliação de performance, estabelecimento de metas, feedback e treinamentos, por exemplo. Tudo isso faz parte da cultura e precisa ser mantido.
Já falo sobre isso há algum tempo, mas para 2022 é ainda mais imprescindível: não há mais espaço para o departamento de recursos humanos atuar de maneira isolada em relação ao restante da companhia. Esse modelo independente e não colaborativo entre as áreas tende a ficar sem espaço dentro das organizações, depois de quase dois anos de mudanças profundas nas relações de trabalho. Se o RH não dá as respostas certas no tempo certo, os gestores tendem a agir sozinhos em busca de soluções para seus desafios de atração e retenção de talentos. O resultado é uma desvalorização do RH, que é um dos pilares para a produtividade e sustentabilidade de qualquer empresa.
Mas, diante de tantas transformações, como caminhar por tudo isso? Eu respondo: novamente com suporte da tecnologia, que ganha um papel cada vez mais estratégico para apoiar a tomada de decisão, que precisa ser mais e mais humanizada. O que falo aqui não é apenas sobre usar a tecnologia para automatizar e otimizar processos em uma estrutura “robotizada”, mas também ampliar o uso de ferramentas que humanizem as relações a partir de dados mais ricos e informações mais completas e valiosas para buscar o melhor, tanto para os colaboradores como para a própria empresa, amplificando as ações da área de RH e evidenciando sua importância para toda a organização.
Uma coisa que sabemos sobre o futuro é que a velocidade das mudanças vai aumentar. E se isso será uma nova constante, fazer do jeito certo passa a ser uma competência essencial para o sucesso do RH e do futuro da organização. Por isso, em 2022, o foco deve ser trazer mais insights e soluções que possam resolver os desafios da gestão de capital humano das organizações. Até mesmo porque, no fim do dia, mesmo com toda a tecnologia existente, a ideia não é substituir pessoas, mas empoderar pessoas para que suas tomadas de decisões sejam ainda melhores. É a tecnologia viabilizando relações mais humanas, precisas, por meio de dados reais, confiáveis. Esse é o caminho para o futuro.