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Cuidados paliativos e sobrevida

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Annamaria Massahud 
Rodrigues dos Santos 
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Minas Gerais

Não é suficiente separar apenas um dia mundial para discutir sobre o câncer. Deve-se manter o alerta sobre as novas perspectivas no enfrentamento à doença, que tem sua incidência (casos novos de câncer ao ano) em crescimento, tendo-se em vista o crescimento da população e da sua maior expectativa de vida. A evolução no diagnóstico e no tratamento dos diferentes tipos de tumores propicia uma nova perspectiva para combate à patologia, permitindo que os pacientes oncológicos vivam mais e melhor. A identificação precoce, os novos medicamentos e a cirurgia minimamente invasiva, entre outros avanços científicos, fortaleceram o arsenal terapêutico, ampliando a sobrevida e o bem-estar de quem recebe o diagnóstico de câncer.




 
Além da evolução de exames, como, por exemplo, mamografia contrastada, tomossíntese e ressonância magnética para detectar o câncer com suas características estruturais e funcionais, diversas outras ações facilitam a identificação e o tratamento de pacientes portadores e sobreviventes à doença. O estreitamento de vínculos entre pacientes, familiares e amigos durante os cuidados favorece o seguimento e o processo de cura. Perceber que o foco não deve ser apenas na doença em si, mas também na melhoria da qualidade de vida, incluindo os aspectos emocionais e as relações humanas.
 
Os cuidados paliativos, por exemplo, ganham espaço como assistência de toda uma equipe multidisciplinar, focando em propiciar bem-estar ao paciente. Desse modo, o processo para um dos estágios de câncer de mama, considerado sem cura, como o metastático, é aliviar ou evitar sintomas, como dor e ansiedade. É uma questão de refletir sobre a vida e viver com qualidade. A boa medicina propicia conforto, mesmo quando não existe cura.
 
Os profissionais compreendem, cada vez mais, a importância desse conceito ao considerar os cuidados como parte do processo oncológico. Outros profissionais, como psicólogos, também se inserem neste processo, paulatinamente. O médico deve estar preparado para ajudar a pessoa como um todo, reforçando os benefícios com os cuidados paliativos. Observa-se a necessidade da integração das demandas psicológicas e sociais do paciente ao tratamento da doença, medicamentoso ou cirúrgico.




Obviamente, não se trata de ser uma alternativa à “terminalidade da vida”, mas, ao contrário, é preciso iniciar os cuidados paliativos precocemente. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, define que os “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos ou espirituais” (WHO, 2002).
 
É preciso incluir esses cuidados, principalmente entre portadores de câncer, até mesmo antes de sua fase avançada, como cuidados de suporte, visando à prevenção de recidivas, reabilitação e controle de sintomas. Atividade física regular e alimentação saudável, associadas a controle de outras doenças crônicas do indivíduo, bem como de acolhida de seus aspectos psicológicos e espirituais, são recomendadas para melhorar qualidade de vida individual e coletiva.