Jornal Estado de Minas

Mulheres multitarefas e sobrecarga de trabalho

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Laura Mariani
Chefe da Curadoria e Qualidade Naomm 


O dia a dia de uma mulher é normalmente recheado de afazeres: atividades profissionais, família, fi- lhos, e o que mais for possível encaixar em 24 horas. Com tantos compromissos, o autocuidado acaba ficando para depois, e muitas vezes esquecido em meio às tarefas diárias. Por conta dessa jornada dupla de traba- lho, o público feminino tem sofrido para manter a saúde mental em dia.





De acordo com uma pesquisa divulgada pela Universidade de Oxford, as mulheres têm 40% de chances a mais de desenvolver transtornos mentais do que homens, e ainda 60% a mais para ansiedade. Essa tendência, segundo o estudo, deve-se à excessiva autocobrança e à impossibilidade de concluir as inúmeras tarefas sem estar no modo exaustão, o que gera frustração e abala a autoestima. Porém, antes que a sobrecarga leve à  exaustão emocional e mental nosso corpo nos dá alguns sinais.

O primeiro sinal é a irritabilidade com as demandas simples dos filhos, com a rotina fami- liar e no trabalho. A constante irritação acaba levando a uma fadiga e a uma hipersensibilidade com um sentimento de incapacidade, e por fim o desejo de se isolar do mundo que expressa um estado de exaustão profunda. Nesse momento, parece que a vida foge do corpo, a respiração está curta, a mente lenta e inquieta e o corpo tenso e rígido.

É importante perceber e sentir os sinais do corpo, para com atenção ir retornando ao equilíbrio. E esse retorno deve ser feito com uma rotina de cuidados diários, como um momento de respiração consciente, tomar um banho energizante ao final do dia, fazer uma massagem relaxante nas mãos e pés com um óleo aromático ou mesmo dar uma boa gargalhada com a família. Esses são pequenos e simples cuidados de todos os dias que vão ativar a energia e recuperar o ânimo.





Para as mulheres que estão em um momento de muita atividade e que falta tempo para cuidar de si mesma, para se ouvir, para refletir ou relaxar, o indicado é começar a incluir na rotina uma ‘pausa consciente’, um breve momento de alguns minutos, que pode ser feito até mesmo sentada na cadeira de trabalho, para respirar e se observar. Esses pequenos e constantes ‘olhares para si’, acabam resultando em uma prática de escuta dos sinais do corpo, da mente e nos ajudam a ter mais consciência do que precisamos fazer para que o modo exaustão não tome conta.

Outro ponto importante que aprendemos com a pausa consciente é respeitar nosso limite. E isso não está ligado diretamente (e necessariamente) à quantidade de tarefas que fazemos, mas sim a quanto nos deixamos invadir por demandas em que nossas necessidades e limites não estão incluídos, abalando nossa integralidade, nos levando a agir apenas como um cumpridor de tarefas, sem qualidade e presença.

Da exigência excessiva para “dar conta de tudo” sem respeitar o próprio limite perdemos a capacidade de discernir o quanto de energia devemos colocar em cada ação ou tarefa e por quanto tempo. É preciso aprender a balancear os momentos de atividade mental/física com pausas de relaxamento, descanso e respiração consciente para regular o funcionamento da mente e do corpo, evitando, primeiramente, chegar a um grau de irritabilidade que se torne constante.

Dar a você mesma breves e várias pausas diárias com consciência e presença é fundamental para manter o equilíbrio, o bem-estar emocional e a saúde mental, que irá refletir na qualidade de nossa entrega/presença e também em nossos relacionamentos, para fluir com mais fle- xibilidade e disposição.

Cuide-se com carinho.