O Brasil encerra mais uma semana com resultados positivos no combate ao coronavírus. Como ocorre desde meados de fevereiro, a média móvel de casos e de mortes por COVID-19, em sete dias, voltou a recuar e segue com tendência de queda. Na sexta-feira, o painel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) registrou 8.068 diagnósticos positivos. Com isso, a média móvel ficou em 13.056 infecções, contra 17.620 no mesmo dia uma semana atrás. Em relação aos óbitos, foram 51 dois dias atrás, com média de 93, contra 112 no mesmo período anterior. Vale registrar que o Distrito Federal e cinco estados — Goiás, Mato Grosso, Piauí, Roraima e Tocantins — não divulgaram dados sobre a doença na sexta-feira.
De forma mais ampla, a redução nas taxas dos principais indicadores de gravidade da pandemia segue tendência internacional pelo menos desde o final de março. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgados na última quinta-feira, mostram que na semana epidemiológica de 11 a 17 de abril foram registrados mais de 5 milhões de infecções e mais de 18 mil mortes por COVID-19 em todo o mundo. Apesar de assustadores, os números embutem uma boa notícia: apontam queda de 24% na quantidade de casos e de 12% na de óbitos, na comparação com a semana anterior.
Conforme o boletim da OMS, os cinco países onde mais ocorreram mortes por coronavírus na semana analisada foram Estados Unidos (3.076), Rússia (1.784), Coreia do Sul (1.671), Alemanha (1.227) e Itália (944). O Brasil, que figurava na quinta posição na semana epidemiológica anterior, não aparece nessa relação mais recente. Também não está entre os cinco que mais registraram novos casos da doença, encabeçada pela Coreia do Sul (972 mil). Em seguida, vêm França (827 mil), Alemanha (769 mil), Itália (421 mil) e Japão (342 mil).
No Brasil, outra boa notícia é o avanço da imunização. Até sexta-feira, mais de 80% dos habitantes com 5 anos ou mais – público-alvo da campanha nacional – estavam completamente vacinados (duas doses ou dose única); e 52% tinham tomado a injeção de reforço. As crianças de 5 a 11 anos são as que mais preocupam cientistas hoje. Nessa faixa, apenas 56% tinham tomado a primeira dose. E somente 24% haviam concluído o ciclo vacinal, com as duas doses do imunizante.
Por conta disso, apesar de considerar que a terceira onda de COVID-19 desencadeada pela variante ômicron está perto da extinção no Brasil, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendaram que o governo intensifique a vacinação do público infantil e a aplicação de terceira e quarta doses em pessoas com idade mais avançada. Também defenderam a continuidade do uso da máscara em transporte coletivo e ambientes fechados. São medidas, alertaram, que podem reduzir os riscos de surgimento de novas variantes do vírus e de uma indesejável reviravolta na tendência de queda nos indicadores de gravidade da pandemia.
Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deu novos sinais de que o governo já considera sob controle o combate ao coronavírus no país. Ele assinou portaria que estabelece o fim da Emergência em Saúde Pública Nacional (Espin) por conta da COVID-19. A medida, que passa a vigorar em 30 dias a partir da data de publicação, não implica o fim da pandemia nem suspende a obrigatoriedade do uso de máscaras. Mas foi considerado curto pelo Conass, que pedia prazo de 90 dias para a transição à nova realidade epidemiológica. Esse período, explicaram, seria necessário para a adequação dos gestores de saúde à nova realidade.
“Eu sei que os secretários de estados e municípios pediram que esse período fosse maior. Mas o governador Ibaneis Rocha já cancelou o decreto de calamidade no Distrito Federal, e o governador Cláudio Castro vai fazer o mesmo no Rio de Janeiro. Então, não vejo muita dificuldade para que secretarias estaduais e municipais se adequem ao que existe na prática", afirmou.
Especialistas, contudo, já alertaram que há realidades diferenciadas dentro do país e até em um mesmo estado ou município. Em reunião, este mês, cientistas de diversas partes do mundo, assim como dirigentes da OMS, pediram cautela aos governos na suspensão das restrições sanitárias impostas pela COVID. Na opinião deles, a emergência sanitária ainda é uma realidade. E o coronavírus, um inimigo a ser combatido, neste momento, sem trégua.