Janaína Gonçalves de Oliveira
Farmacêutica da Drogarias Pacheco
A passagem do verão em Minas Gerais neste ano foi marcada pelas semanas de chuvas intensas e dias quentes. Esse é o cenário perfeito para a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, já são 38.553 casos prováveis de dengue registrados até 27 de abril de 2022, dos quais 16.671 casos já foram confirmados para a doença. Sete mortes já foram confirmadas pela dengue em Minas Gerais neste ano, e 21 óbitos são investigados até o momento.
Uma vez que o vírus da dengue pode ficar incubado por até 15 dias, a incidência de casos pode ser ainda maior do que os números oficiais. Em casos mais graves, a doença pode levar à morte, exigindo o alerta de toda a população para o combate à dengue. Nesse sentido, conhecer a patologia e as formas de prevenção é fundamental.
Como a fêmea do mosquito deposita os ovos na borda de locais com água parada, o mais importante é eliminar toda água acumulada que possa vir a ser um ponto de reprodução do mosquito, como em jardins, quintais, vasos de plantas, latas, garrafas e pneus. Esses cuidados são essenciais, visto que as casas costumam ser as áreas de maior proliferação.
Além de evitar a reprodução do mosquito, outros hábitos simples no dia a dia podem ser muito úteis. Uma boa dica é o uso de repelentes corporais, sobretudo daqueles com princípio ativo da icaridina, que protege por mais tempo do que os repelentes comuns e não agride a pele. Outra boa opção é o uso de barreiras físicas, como mosquiteiros e telas de proteção para portas e janelas.
Assim como as formas de prevenção, também é preciso conhecer os sintomas e cuidados básicos para quem está doente. Os sintomas mais comuns da dengue são febre alta, dores musculares e nos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas avermelhadas pelo corpo. Alguns deles podem ser confundidos com os de uma gripe forte, o que é muito perigoso, já que existem remédios antigripais que são contraindicados em caso de dengue.
Derivados do ácido acetilsalicílico, conhecidos como AAS, e alguns anti-inflamatórios, como o diclofenaco e o ibuprofeno, são anticoagulantes. Esse fator aumenta o risco de sangramentos e hemorragias em pacientes com dengue. Nesse sentido, a automedicação – sempre desaconselhada – é ainda mais preocupante para pacientes contaminados. Portanto, a dica ao identificar os sintomas típicos é fazer uma hidratação intensa, se necessário com o uso de soro de reidratação. Também é bom ter um termômetro dentro de casa para monitoramento da febre.
De modo geral, a recomendação mais importante é sempre procurar um serviço de saúde e consultar um médico. Vale lembrar, ainda, que o profissional farmacêutico também pode orientar e encaminhar ao serviço de saúde adequado. O aumento do número de casos aponta que as pessoas não estão seguindo os cuidados adequados para prevenção da dengue. Manter os hábitos de prevenção e de combate à proliferação do mosquito ao longo de todo o ano é crucial, já que a doença pode causar infecções graves, como a dengue hemorrágica.