Marcelo Martini
Gerente de vendas do Aftermarket da FUCHS
Desde os primórdios, os lubrificantes estão diretamente ligados à elaboração de soluções que beneficiem o transporte e, consequentemente, o setor automotivo. Atualmente, estas duas indústrias caminham paralelamente, contribuindo em conjunto com o desenvolvimento de ambos os setores e promovendo melhorias aos consumidores, com tecnologias cada vez mais modernas e aderentes às demandas de mercado.
Para conquistar este atual patamar, tanto os lubrificantes quanto as indústrias automotivas e de produção do óleo passaram por diversas transformações no decorrer dos anos, que vão desde a execução de métodos rudimentares de transporte até a concepção dos produtos mais avançados para este mercado.
Contudo, para entendermos a importância desses produtos para o desenvolvimento do setor automotivo, precisamos retroagir alguns séculos para conhecer a história sobre a criação dos lubrificantes e os passos que o tornaram um item essencial para o segmento.
O desenvolvimento dos lubrificantes nos remete ao Egito antigo. Na época, os egípcios misturavam água, lama, gorduras animal e vegetal para lubrificar os troncos de madeira que eram utilizados como trilhos para transportar os blocos de pedra aplicados em construções e monumentos.
Anos mais tarde, após o início das perfurações de poços de petróleo nos Estados Unidos, por Edwin Drake, o petróleo cru assumiu o papel de lubrificação de equipamentos pesados, haja vista a economia proporcionada, a facilidade de obtenção e a melhor adequação ao calor quando comparado aos compostos de origem animal e vegetal.
Rapidamente, a substância passou a ser utilizada também como óleo de motor. Entretanto, sem o refino e o tratamento adequado contra contaminantes. Ou seja, o material era utilizado sujo, o que causava inúmeros problemas para o funcionamento dos sistemas.
Além disso, a alta temperatura dos equipamentos prejudicava a viscosidade do petróleo, uma vez que o excesso de calor aumentava a fluidez da substância e consequentemente prejudicava a lubrificação das partes metálicas.
Para solucionar este gargalo, os lubrificantes passaram a receber tratamentos com aditivos, a fim de deixá-los mais limpos e com a viscosidade e características apropriadas para a utilização em motores a combustão.
Com a produção em massa do modelo Ford T e o surgimento de outras indústrias automotivas, o lubrificante passou a ser consumido em grande escala. Com a melhora dos motores, em tamanho, cilindradas, potência e economia, a indústria de lubrificantes passou a desenvolver produtos mais econômicos e modernos, com o objetivo de atender às exigentes demandas do mercado automotivo.
Como parte da história do setor, os lubrificantes, atualmente, exercem papel fundamental para o pleno funcionamento desta indústria. Além de fazerem parte do processo de fabricação das peças dos automóveis, como motor e chassis, o produto é utilizado em caixas de transmissão, manuais ou automáticas, e, claro, no motor dos veículos.
Neste sentido, com o alto custo de aquisição de veículos elétricos e a infraestrutura de recarga apresentando entraves para a expansão do segmento, a demanda por veículos a combustão ainda segue alta. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê um aumento de 9,4% na produção de automóveis leves e pesados em 2022, uma vez que as demandas do setor automotivo estão diretamente relacionadas às da indústria de lubrificantes. Dessa forma, esses dados garantem que o mercado de óleos siga em escala de crescimento.
Entretanto, as necessidades de atualização e modernização dos produtos seguem cada vez maiores. Os motores mais modernos são, também, mais exigentes em potência e economia de combustível, exigindo que os lubrificantes desempenhem papel importante na lubrificação dos componentes metálicos, trazendo proteção para as peças, auxiliando na economia de combustível e reduzindo a temperatura de trabalho do motor.
Assim, a indústria de lubrificantes tem intensificado o investimento em inovação tecnológica para o segmento automotivo, com produtos que apresentam modernas especificações, como a API SP e a ILSACG GF-6, que garantem diversos benefícios aos motores de última geração, como as soluções para o problema de pré-ignição em baixa velocidade, melhores propriedades a frio, e, ainda, limpeza adequada dos motores.
O fato é que as indústrias de automóveis e de lubrificantes caminham lado a lado desde o princípio. E o desenvolvimento conjunto desses mercados depende do investimento em tecnologias e inovações que promovam melhorias às soluções oferecidas ao consumidor, a fim de contribuir para o crescimento mútuo de ambos os setores.