Maria Cláudia Amaro
CEO da Rede Rhyzos Educação
As escolas brasileiras estão sempre atentas às metodologias e às propostas pedagógicas, porque elas sabem o quanto isso faz a diferença para que o ensino tenha qualidade. Entretanto, muitas delas esquecem que o corpo docente é o coração de uma escola, e que hoje, mais do que nunca, ele precisa ser preparado.
Levantamento da UFMG e CNTE no início da pandemia mostrou que 89% dos professores entrevistados (todos da rede pública) não tinham experiência em dar aulas remotas. Naquela ocasião, 42% deles afirmavam que seguiam sem treinamento. Isso mostra que não há uma preocupação em adiantar-se aos cenários, nem seguir as tendências indicadas pelo mercado de trabalho.
No setor privado não é muito diferente. Frente à tendência do bilinguismo, muitas escolas ainda engatinham na implementação de projetos de qualidade, que tragam resultados de fato para os alunos; faltam projetos que envolvam os professores de diferentes disciplinas e os preparem para encarar este desafio.
Ocorre que falar inglês não se trata mais de mais uma habilidade, mas sim de necessidade: é preciso se comunicar em um mundo global e as crianças podem e devem ser treinadas desde pequenas. E os professores são parte ativa nesse processo, necessitam de treinamento específico e fazem muita diferença.
Pesquisa realizada pela British Council mostrou que apenas 5% dos brasileiros falam inglês e somente 1% da população tem fluência na língua. Graças à crescente globalização, dentro de 10 ou 20 anos todas as vagas de emprego vão pedir que os candidatos falem inglês. Assim como aconteceu com os cursos superiores, ser fluente no idioma não será mais um diferencial, mas sim o requisito mínimo para entrar no mercado de trabalho. Ou seja, esta é uma tendência que veio para ficar.
Atualmente, nas áreas de marketing, TI e vendas técnicas (destinadas a engenheiros, engenheiros químicos e industriais, entre outros), metade das vagas exige o idioma. Isso significa que as escolas precisam estar atentas e pensar em estratégias para transformar seus ensinos e, para isso, só há um caminho: desenvolver professores.
Venho de um segmento, que é a aviação, no qual constantemente treinamos as pessoas, investimos no conhecimento delas e acompanhamos de perto como elas se desenvolvem para que sejam sempre melhores. Nós precisamos falar mais de desenvolvimento profissional na área da educação. Precisamos falar mais sobre metodologias novas, processos modernos, o envolvimento da equipe docente nesse contexto, pois só assim poderemos possibilitar a educação que a criança brasileira merece.